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Uma em cada três pessoas em todo o mundo respira ar doméstico poluído, alertam os investigadores

• Mar 19, 2025, 11:17 AM
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A poluição atmosférica doméstica continua a matar milhões de pessoas todos os anos, mesmo quando os níveis de exposição diminuem em todo o mundo, segundo um novo estudo.

Em 2021, a poluição atmosférica doméstica - que ocorre quando as pessoas cozinham em lareiras, fogões a lenha ou alimentados a querosene, carvão, resíduos de culturas ou excrementos de animais - contribuiu para 3,1 milhões de mortes em todo o mundo, com a maioria das mortes em países de baixo rendimento, de acordo com a análise publicada na revista médica The Lancet.

A poluição atmosférica doméstica contém pequenas partículas que podem entrar na corrente sanguínea através dos pulmões.

Está associada a uma série de problemas de saúde, incluindo cancro do pulmão, acidentes vasculares cerebrais, doenças cardíacas, diabetes de tipo 2, doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), infeções respiratórias, cataratas e doenças neonatais.

Pode também ter consequências mortais para as crianças, contribuindo para mais de 500.000 mortes de crianças com menos de 5 anos em 2021, de acordo com o estudo, o que representa cerca de 11% de toda a mortalidade de menores de 5 anos.

"O elevado nível de carga pediátrica estimado neste estudo é um importante motivo de preocupação", afirmaram os autores do estudo do Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde (IHME), sediado nos EUA.

Acrescentam que os efeitos na saúde podem ser "fatais e duradouros e não têm merecido a devida atenção por parte dos investigadores e dos decisores políticos".

Diferenças regionais

Entre 1990 e 2021, a percentagem de pessoas expostas à poluição atmosférica doméstica causada por combustíveis sólidos em todo o mundo diminuiu de 56,7% para 33,8%, segundo as estimativas.

Mas o número real de pessoas expostas apenas diminuiu 10% - ou cerca de 350 milhões de pessoas - atingindo 2,67 mil milhões de pessoas expostas em 2021.

Isto deve-se ao crescimento da população em locais como a África subsariana, onde 78,8% das pessoas estavam expostas à poluição atmosférica doméstica proveniente de combustíveis sólidos para cozinhar, afirmam os autores do estudo.

Entre 1990 e 2021, o número de mortes relacionadas com a poluição aumentou de 685.000 para 741.000 na região, disse o IHME.

O sul da Ásia registou a taxa mais elevada, com 53,2% das pessoas expostas em 2021.

Entretanto, na Europa Central e Oriental e na Ásia Central, essa taxa era de 7,5%. Nos países de elevado rendimento, era de apenas 0,4%.

Segundo os investigadores, os resultados sublinham a importância de ajudar as "comunidades com poucos recursos" na transição para fontes de energia mais limpas. Isto pode incluir a investigação e o desenvolvimento de novas tecnologias, o subsídio de aparelhos que utilizem energia limpa, a aplicação de restrições às emissões, o incentivo ao investimento do setor privado e campanhas de sensibilização do público.

"Estas iniciativas são cruciais para atenuar os riscos para a saúde e promover o desenvolvimento sustentável, melhorando, em última análise, a qualidade de vida e os resultados em termos de saúde de milhões de pessoas", afirmam os autores do estudo.