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Arquiteto Frank Gehry morre aos 96 anos

• Dec 5, 2025, 8:06 PM
8 min de lecture
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O arquiteto e designer canadiano-americano de renome mundial Frank Gehry morreu aos 96 anos de idade após uma curta doença respiratória. A informação foi avançada por Meaghan Lloyd, chefe de pessoal da Gehry Partners LLP, que informou que o arquiteto faleceu na sua casa em Santa Mónica, na Califórnia, na sexta-feira.

Gehry projetou alguns dos edifícios mais imaginativos de sempre e alcançou um nível de aclamação raramente concedido a qualquer arquiteto.

O seu fascínio pela arte pop moderna resultou em edifícios distintos e impressionantes. Entre as suas muitas obras-primas contam-se o Museu Guggenheim, em Bilbau, Espanha, o Walt Disney Concert Hall, em Los Angeles, e o edifício do DZ Bank, em Berlim.

Também projetou uma expansão da sede do Facebook no norte da Califórnia, a pedido do CEO da empresa, Mark Zuckerberg.

Gehry recebeu todos os principais prémios de arquitetura, incluindo o mais importante da área, o Prémio Pritzker, tendo o seu trabalho sido descrito como "refrescantemente original e totalmente americano".

Outras distinções incluem a Medalha de Ouro do Instituto Real dos Arquitetos Britânicos, o Prémio de Realização Vitalícia dos Americanos para as Artes e a mais alta distinção do seu país natal: o título de Companheiro da Ordem do Canadá.

O início da sua carreira em arquitetura

Após concluir a licenciatura em arquitetura na Universidade do Sul da Califórnia, em 1954, e cumprir o serviço militar, Gehry estudou planeamento urbano na Universidade de Harvard.

No entanto, a sua carreira teve um início lento. Durante anos, lutou para sobreviver, tendo desenhado projetos de habitação pública e centros comerciais e até conduzido um camião de entregas por algum tempo.

Por fim, surgiu a oportunidade de projetar um centro comercial moderno com vista para o Cais de Santa Mónica. Estava determinado a não arriscar e apresentou projetos para um centro comercial fechado semelhante a outros nos Estados Unidos na década de 1980.

Para celebrar a conclusão do projeto, o promotor do centro comercial foi a casa de Gehry e ficou espantado com o que viu: o arquiteto tinha transformado um modesto bungalow dos anos 20 numa residência inventiva, remodelando-o com cercas de arame, madeira exposta e metal ondulado.

Quando lhe perguntaram por que não tinha proposto algo semelhante para o centro comercial, Gehry respondeu: "Porque tenho de ganhar a vida".

Se queria mesmo afirmar-se como arquiteto, disseram-lhe que tinha de abandonar essa atitude e seguir a sua visão criativa.

E foi precisamente o que Gehry fez durante o resto da vida, trabalhando até aos 90 anos para criar edifícios que eram também espantosas obras de arte.

À medida que a sua fama aumentava, a empresa de arquitetura Gehry Partners LLP, fundada em 1962, crescia com ela, chegando a ter mais de 130 empregados. No entanto, por muito grande que a empresa fosse, Gehry insistia em supervisionar pessoalmente todos os projetos que assumia.

A sede da InterActiveCorp, conhecida como Edifício IAC, adquiriu a forma de uma colmeia cintilante quando foi concluída no bairro de Chelsea, em Nova Iorque, em 2007. O edifício nova-iorquino de 76 andares, projetado por Gehry, foi uma adição impressionante à linha do horizonte da baixa de Manhattan quando foi inaugurado em 2011, tendo sido, na altura, uma das estruturas residenciais mais altas do mundo.

No mesmo ano, Gehry juntou-se ao corpo docente da sua universidade de origem, a Universidade do Sul da Califórnia, como professor de arquitetura. Também lecionou em Yale e na Universidade de Columbia.

Designs criativos receberam críticas e elogios

Nem todos eram fãs do trabalho de Gehry. Alguns opositores consideravam-no pouco mais do que uma reencarnação gigantesca e desequilibrada das pequenas cidades de sucata que afirmava construir durante a infância na cidade mineira de Timmins, no Ontário.

Hal Foster, o crítico de arte de Princeton, rejeitou muitos dos seus esforços posteriores como "opressivos", argumentando que estes foram concebidos sobretudo para serem atrações turísticas. Alguns denunciaram o Disney Hall por este parecer uma coleção de caixas de cartão deixadas à chuva.

Outros críticos incluíam a família de Dwight D. Eisenhower, que se opôs à ousada proposta de Gehry para um memorial em homenagem ao 34.º presidente da nação. Apesar de a família ter afirmado querer um memorial simples, e não o que Gehry propôs, com múltiplas estátuas e tapeçarias metálicas ondulantes a representar a vida de Eisenhower, o arquiteto recusou-se a alterar significativamente o projeto.

Se as palavras dos críticos o irritavam, Gehry raramente o deixava transparecer. De facto, por vezes até participava na brincadeira. Apareceu como ele próprio num episódio de 2005 da série de animação "Os Simpsons", no qual aceitou projetar uma sala de concertos que mais tarde foi convertida numa prisão.

A ideia para o projeto, que se assemelhava muito ao Disney Hall, ocorreu-lhe após amassar a carta que Marge Simpson lhe enviara e atirar-la para o chão. Depois de a observar, exclamou: "Frank Gehry, conseguiste outra vez!"

"Algumas pessoas pensam que eu faço mesmo isso", disse mais tarde à imprensa.

O legado duradouro de Gehry em todo o mundo

Ephraim Owen Goldberg nasceu em Toronto, a 28 de fevereiro de 1929, e mudou-se para Los Angeles com a família em 1947, acabando por se tornar cidadão americano. Já adulto, mudou de nome por sugestão da sua primeira mulher, que lhe disse que o antissemitismo poderia estar a atrasar a sua carreira.

Embora gostasse de desenhar e construir modelos de cidades em criança, Gehry diz que só aos 20 anos ponderou a possibilidade de seguir uma carreira em arquitetura, depois de um professor de cerâmica da faculdade ter reconhecido o seu talento.

"Foi a primeira coisa na minha vida em que me saí bem", disse. No entanto, Gehry negou firmemente ser um artista.

"Sim, no passado, os arquitetos foram simultaneamente escultores e arquitetos", declarou numa entrevista de 2006 à The Associated Press. "Mas continuo a pensar que estou a fazer edifícios, e é diferente do que eles fazem."

As suas palavras refletiam uma timidez e uma insegurança que permaneceram com Gehry muito depois de ter sido declarado o maior arquiteto do seu tempo.

"Estou totalmente surpreendido por ter chegado onde cheguei", disse à imprensa em 2001. "Agora parece inevitável, mas na altura parecia muito problemático."

O Museu Guggenheim de Abu Dhabi, projetado por Gehry e proposto pela primeira vez em 2006, deverá estar finalmente concluído em 2026, após uma série de atrasos na construção e trabalhos esporádicos. A estrutura de 2.787 metros quadrados será o maior Guggenheim do mundo, deixando um legado duradouro na capital dos Emirados Árabes Unidos.

Entre os seus descendentes estão a sua esposa, Berta; a sua filha, Brina; os seus filhos Alejandro e Samuel; e os edifícios que ele criou.

Outra filha, Leslie Gehry Brenner, morreu de cancro em 2008.