Chefe da Igreja Anglicana demite-se após escândalo de abusos sexuais
O chefe da Igreja de Inglaterra demitiu-se na terça-feira, depois de uma investigação ter concluído que não informou a polícia sobre os abusos físicos e sexuais cometidos em série por um voluntário em campos de férias cristãos, logo que teve conhecimento dos mesmos.
A pressão sobre o Arcebispo de Cantuária, Justin Welby, tem vindo a aumentar desde quinta-feira, quando a sua recusa em assumir a responsabilidade pela sua incapacidade de denunciar os abusos no Reino Unido e em África, em 2013, provocou a ira sobre a falta de responsabilidade da Igreja inglesa.
"Acredito que afastar-me é o melhor interesse da Igreja de Inglaterra, que amo muito e que tive a honra de servir", afirmou Welby num comunicado.
A notícia surge num contexto de abuso sexual histórico generalizado na Igreja de Inglaterra.
Um relatório de 2022 do Independent Inquiry Child Sexual Abuse (Inquérito Independente sobre Abuso Sexual de Crianças) concluiu que a deferência para com a autoridade dos padres, os tabus em torno da discussão da sexualidade e uma cultura que dava mais apoio aos alegados perpetradores do que às suas vítimas ajudaram a fazer da Igreja de Inglaterra "um lugar onde os abusadores se podiam esconder".
A demissão de Welby vai repercutir-se em todo o mundo. O Arcebispo de Cantuária é o chefe simbólico da Comunhão Anglicana, que tem mais de 85 milhões de membros em 165 países.
Embora cada igreja nacional tenha os seus próprios líderes, o Arcebispo da Cantuária é considerado o primeiro entre iguais.
Welby, um antigo executivo do setor petrolífero, que deixou a indústria em 1989 para estudar para o sacerdócio, era uma figura controversa mesmo antes do escândalo.
Mediador hábil que trabalhou na resolução de conflitos na Nigéria e noutras partes de África, esforçou-se por unir a Comunhão Anglicana, que tem sido dividida por opiniões muito divergentes sobre questões como os direitos dos homossexuais e o lugar das mulheres na Igreja.
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