Pavel Durov, CEO do Telegram, regressa ao Dubai em momento de investigação francesa sobre alegadas atividades criminosas

O fundador e diretor-executivo do Telegram, Pavel Durov, disse esta segunda-feira ter regressado ao Dubai, tendo, assim, abandonado França numa altura em que as autoridades desse país continuam a investigar alegadas atividades criminosas praticadas na popular aplicação de mensagens.
Nascido na Rússia, Durov, que é cidadão dos Emirados Árabes Unidos, foi detido num aeroporto perto de Paris em agosto. Foi acusado preliminarmente de crimes cometidos na aplicação, incluindo tráfico de droga, branqueamento de capitais e distribuição de imagens sexualmente explícitas de crianças. Durov negou as acusações.
Durante a investigação, o acusado foi impedido de sair de França, obrigado a pagar 5 milhões de euros de fiança e obrigado a apresentar-se numa esquadra da polícia duas vezes por semana.
Mas as autoridades francesas flexibilizaram essas condições e autorizaram-no a sair temporariamente do país, informou a agência noticiosa francesa AFP no sábado.
“Como devem ter ouvido, regressei ao Dubai depois de ter passado vários meses em França devido a uma investigação relacionada com a atividade de criminosos no Telegram”, escreveu Durov, numa publicação na referida aplicação. “O processo está em curso, mas é ótimo estar em casa.”
De acordo com a lei francesa, as acusações preliminares significam que os magistrados têm fortes razões para acreditar que um crime foi cometido, mas concedem mais tempo para levar a cabo uma investigação mais aprofundada.
“Quero agradecer aos juízes de instrução por terem permitido que isto acontecesse”, acrescentou Durov.
O acusado referiu ainda, na mesma aplicação, que “no que diz respeito à moderação, cooperação e luta contra o crime, durante anos o Telegram não só cumpriu, como excedeu as suas obrigações legais”.
Após a sua detenção, no ano passado, afirmou que o Telegram não é “uma espécie de paraíso anárquico”. O número crescente de utilizadores da aplicação “causou problemas de crescimento que tornaram mais fácil para os criminosos abusarem da nossa plataforma”, referiu Durov, na altura.
O Telegram foi fundado por Durov e pelo seu irmão na sequência da repressão levada a cabo pelo Kremlin após os grandes protestos pró-democracia que abalaram Moscovo no final de 2011 e em 2012.
A aplicação continua a ser uma fonte popular de notícias na Ucrânia, onde tanto os meios de comunicação social como os funcionários públicos a utilizam para partilhar informações sobre a guerra em curso no país e emitir alertas de ataques aéreos e de mísseis.
No entanto, os governos ocidentais têm criticado frequentemente o Telegram pela sua falta de moderação de conteúdos, o que, segundo os especialistas, possibilita que a aplicação seja potencialmente utilizada para atividades criminosas.
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