Israel lança novos ataques aéreos em Gaza e faz mais de 400 mortos

Pelo menos 400 palestinianos foram mortos, incluindo mulheres e crianças, e mais de 500 ficaram feridos depois de Israel ter lançado extensos ataques aéreos na Faixa de Gaza na madrugada desta terça-feira, informou Mohammed Zaqut, líder do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Dos feridos, "centenas" estão em estado crítico, acrescentou, em declarações às agências internacionais.
O gabinete do primeiro-ministro israelita deu instruções ao exército para atacar o Hamas em toda a Faixa de Gaza. Os ataques foram conduzidos no norte de Gaza, na cidade de Gaza, em Deir al-Balah, em Khan Younis e em Rafah.
Estes ataques fazem temer um regresso aos combates em larga escala nesta guerra que dura há 17 meses entre Israel e o Hamas e acontece em pleno mês sagrado do Ramadão.
Segundo um comunicado, a ofensiva deve-se ao facto de o Hamas se ter recusado repetidamente a libertar reféns e de ter rejeitado as ofertas que lhe foram feitas pelo enviado presidencial dos EUA, Steve Witkoff, e pelos mediadores. Israel prometeu usar "força militar crescente".
A imprensa internacional avança que Mahmoud Abu Wafah, vice-ministro do Interior de Gaza e o mais alto responsável pela segurança do Hamas no território, terá sido morto nos ataques desta madrugada.
Hamas avisa para destino incerto dos reféns
O Hamas condenou os últimos ataques em comunicado, responsabilizando o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu pela "escalada não provocada" contra os palestinianos.
"Consideramos o criminoso Netanyahu totalmente responsável pelas consequências da agressão traiçoeira a Gaza, aos civis indefesos e ao nosso povo palestiniano", diz a declaração no Telegram.
O Hamas advertiu que os ataques violaram o cessar-fogo e puseram em perigo o destino dos reféns.
"Netanyahu e o seu governo extremista decidiram violar o acordo de cessar-fogo e expor os prisioneiros em Gaza a um destino desconhecido", refere a declaração.
Os ataques ocorrem numa altura em que o cessar-fogo entre o Hamas e Israel se encontra num limbo. A primeira fase do acordo em três fases, mediado pelos EUA, Catar e Egito, teve início em meados de janeiro e terminou a 1 de março.
As negociações para a segunda fase ainda não foram definidas.
Na segunda-feira, Israel lançou ataques contra Gaza, o sul do Líbano e o sul da Síria, matando pelo menos dez pessoas, de acordo com as autoridades locais.
Os ataques aéreos foram os mais recentes dos frequentes e muitas vezes mortíferos ataques das forças israelitas durante os frágeis cessar-fogos em Gaza e no Líbano.
Reféns contra retomar da guerra
Vários reféns recentemente libertados pelo Hamas mostraram-se contra a decisão do governo de Netanyahu de retomar os ataques na Faixa de Gaza, como demonstrado em várias publicações nas redes sociais que os media israelitas partilharam.
Os ex-reféns defendem que a prioridade deve estar no retomar das negociações e na libertação daqueles que continuam detidos em Gaza e não no regresso aos combates.
"Regressar aos combates? Ouviram uma palavra do que nós, os reféns libertados no último acordo, vos temos dito? Estão a ver-nos?!”, escreveu o antigo refém Omer Wenkert. "A sensação de estar a ser abandonado é a mais forte que alguma vez senti”, acrescentou.
O regresso ao combate foi também criticado pelo Qatar, país que tem servido de mediador no conflito. O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar condenou “o recomeço da agressão da ocupação israelita contra a Faixa de Gaza”, afirmando que esta ameaça a estabilidade regional.
O Egito, que também desempenhou um papel fundamental na mediação do cessar-fogo, condenou igualmente a vaga de ataques pesados que Israel lançou às primeiras horas desta terça-feira.