Polícia belga faz buscas em Bruxelas e Portugal no âmbito de nova investigação a corrupção no Parlamento Europeu

A polícia belga fez buscas na sede da empresa chinesa de tecnologia Huawei, em Bruxelas, e em várias residências no país, no âmbito de uma nova investigação sobre corrupção, segundo a imprensa local.
A informação foi revelada pelo site de investigação Follow the Money, juntamente com dois outros jornais belgas, Le Soir e Knack.
Segundo avança a SIC, já há um português detido no caso. Explica o orgão de comunicação português, citando fonte do Ministério Público belga, que Nuno Wahnon Martins é o únido detido na operação.
O consultor português foi detido esta quinta-feira em França e terá agora de ser extraditado para a Bélgica. A mesma notícia explica que o português é consultor em assuntos europeus, com carreira em Bruxelas e está inscrito no registo de transparência do Parlamento Europeu.
O caso investiga suspeitas de corrupção, com a investigação a creditar que lobistas do gigante tecnológico chinês pagaram subornos a deputados europeus para influenciar a tomada de decisões na UE. Segundo fontes, cerca de 15 deputados atuais e antigos poderão estar envolvidos no caso.
A polícia fez buscas em 21 residências esta manhã, no âmbito de uma operação secreta. Procuravam provas de eventuais crimes, incluindo suborno, falsificação, branqueamento de capitais e organização criminosa. Segundo o Le Soir, estas buscas decorreram na região de Bruxelas, Flandres, Valónia e também em Portugal. De acordo com o jornal belga, alguns dos subornos terão sido feitos através de uma empresa portuguesa.
As autoridades também confiscaram documentos e aparelhos eletrónicos.
Até à data, não foram efetuadas buscas no Parlamento Europeu
De acordo com a informação publicada na manhã de quinta-feira, um lobista de 41 anos, Valerio Ottati, está no centro da investigação em curso.
Entrou para a empresa chinesa há seis anos. Antes disso, trabalhou para os deputados italianos envolvidos nos dossiers sobre a China.
Se a investigação disser respeito a atuais membros do Parlamento Europeu, as autoridades belgas irão pedir ao Parlamento que levante a sua imunidade.
"O Parlamento Europeu toma nota da informação. Quando solicitado, coopera sempre plenamente com as autoridades judiciais", afirmou um porta-voz do Parlamento Europeu.
A Euronews sabe que, até à data, não foram efetuadas buscas nas instalações do Parlamento e que os procuradores belgas ainda não enviaram qualquer pedido de levantamento de imunidade.
No entanto, o novo escândalo pode ser desastroso para a reputação da instituição. O Parlamento Europeu reforçou as suas regras de ética e transparência após o chamado escândalo Qatargate.
Os membros da rede de corrupção - com deputados europeus envolvidos - foram descobertos em 2022 e aceitaram dinheiro e outros benefícios do Estado do Golfo em troca de influenciar as decisões da UE.
Desde então, os políticos de extrema-direita e eurocéticos têm mencionado frequentemente o caso para pintar o Parlamento e a UE como corruptos.
A Euronews contactou a Huawei para comentar o caso mas ainda não teve resposta.
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