Haddad: Para ter a segurança verdadeiramente sob controlo, a Europa precisa das suas próprias armas

A França está a instar as nações europeias a darem prioridade ao investimento em fabricantes de armas do continente e a afastarem-se das armas de origem americana, num contexto de despesas sem precedentes com a defesa.
O ministro francês dos Assuntos Europeus, Benjamin Haddad, afirmou que dar prioridade à indústria europeia de defesa é a "única forma de a Europa ganhar autonomia" e ter o controlo sobre a sua própria segurança.
Existe a preocupação de que as armas de origem americana deixem de ser fornecidas pelos operadores dos EUA, que podem limitar ou controlar a utilização destas pelos países europeus.
Haddad disse à Euronews que a Europa precisa de assumir o controlo da tecnologia para poder controlar por completo a sua utilização.
"Se tivermos os conhecimentos tecnológicos, conseguiremos ter o controlo da utilização das tecnologias", afirmou ao programa Europe Conversation, da Euronews.
Haddad deu como exemplo os debates recentes sobre a possível utilização, por parte da Ucrânia, de mísseis de longo alcance disparados contra o território russo.
Até há pouco tempo, a Ucrânia estava impedida de utilizar armas devido às proibições impostas pelos fornecedores de armas dos EUA e da Europa. O exército ucraniano queixou-se de que, até recentemente, "lutava com uma das mãos presa".
"Veja-se os debates que tivemos sobre os mísseis de longo alcance enviados para a Ucrânia", disse Haddad.
"Se usarmos componentes americanos e os americanos decidirem que a Ucrânia não pode realizar ataques intensivos contra alvos russos para se defender, a decisão final sobre a utilização destes componentes cabe aos EUA, mesmo que os países europeus que doam as armas concordem com esta utilização", afirmou.
A UE anunciou uma proposta de investimento de até 800 mil milhões de euros na defesa europeia, numa tentativa de revigorar a indústria europeia, e ofereceu uma segurança renovada aos países europeus.
O plano "Rearm Europe" também inclui um fundo de 150 mil milhões de euros para radares, defesa aérea, mísseis e drones.
A França e outros países estão de acordo com a ideia de que este dinheiro deve circular dentro da economia europeia, de forma a ser reinvestido na tecnologia europeia e na criação de emprego na UE, em vez de nos EUA.
"Politicamente, também é necessário demonstrar que isto irá influenciar positivamente a reindustrialização, as fábricas e os postos de trabalho, ao invés de financiar fábricas de defesa no Kentucky ou na Pensilvânia", afirmou.
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