Povo bielorrusso não desistiu de derrubar o regime, diz a líder da oposição

O que o presidente russo quer não é apenas a anexação de territórios, mas regimes leais e a russificação total de países e nações, diz a líder da oposição bielorrussa Sviatlana Tsikhanouskaya.
À Euronews, Tsikhanouskaya disse que, apesar de o movimento de protesto no seu país ter passado praticamente à clandestinidade, isso significa que as pessoas estão a preparar-se para se erguerem no momento certo.
Falando sobre se mudanças na Rússia podem ter uma influência na Bielorrússia, Tsikhanouskaya considera que “pode acontecer algo na Rússia que enfraqueça Alexander Lukashenko e que as pessoas se revoltem novamente. Pode ser uma vitória para a Ucrânia. Isso irá enfraquecer Putin e Lukashenko”, defende.
"Mas as mudanças na Rússia podem começar com mudanças também na Bielorrússia", acrescentou Tsikhanouskaya, afirmando que existem "mais possibilidades de mudar o regime na Bielorrússia do que na Rússia".
"Toda esta repressão constante que estamos a sofrer há quatro, quase cinco anos, não fez com que as pessoas esquecessem, perdoassem ou negassem as suas perspetivas pró-europeias", acrescenta.
De acordo com o centro bielorrusso de direitos humanos Vyasna, mais de 50.000 pessoas foram detidas por razões políticas após os protestos maciços que eclodiram na sequência das eleições presidenciais de agosto de 2020 e pelo menos 5.472 pessoas foram condenadas em processos criminais com motivações políticas.
As Nações Unidas estimam que cerca de 300.000 bielorrussos abandonaram o país desde então, a maioria para a Polónia e a Lituânia.
Os protestos de 2020 foram desencadeados pelos resultados das eleições que deram a Lukashenko o seu sexto mandato.
Nos dias que correm, 15 a 20 pessoas estão a ser detidas diariamente na Bielorrússia, segundo Tsikhanouskaya. "Ele [Lukashenko] comporta-se como se ainda tivesse milhares de pessoas em frente ao seu palácio".
"Esta visível tranquilidade do país não significa que as pessoas tenham desistido. Significa que as pessoas estão a preparar-se e que estarão prontas quando houver essa possibilidade".
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