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Produtividade dos trabalhadores na Europa é inferior à dos EUA e o fosso continua a aumentar

• Aug 12, 2025, 10:32 AM
7 min de lecture
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Apesar das semelhanças culturais e dos avanços tecnológicos, a diferença de produtividade entre a Europa e os EUA não só persiste como está a aumentar.

Falámos com Dawid Osiecki, especialista no mercado das novas tecnologias, que foi recentemente coautor de um relatório de 40 páginas que analisa o desenvolvimento económico nos dois lados do Atlântico, para saber por que razão isto acontece e o que pode alterar a situação.

"Recentemente, realizámos um estudo que deixa claro: a diferença entre os EUA e a Europa não é apenas o dinheiro, é também o número de grandes empresas que conseguem implementar com sucesso novas tecnologias, incluindo a IA", afirma o especialista.

Dawid Osiecki, diretor-executivo, responsável de Dados e IA da Accenture na Polónia
Dawid Osiecki, diretor-executivo, responsável de Dados e IA da Accenture na Polónia Euronews/Pawel Glogowski

A revolução tecnológica que a Europa não aproveitou

"Comparando os dados desde 1996, podemos ver muito claramente que os EUA têm sido mais bem-sucedidos na recuperação de crises sucessivas - a crise financeira de 2008, a crise pandémica ou a atual relacionada com a transformação da IA. Cada uma destas crises resultou numa aceleração da produtividade nos EUA. Na Europa: estagnação", explica. As principais diferenças? O investimento e a estrutura da economia. O mercado de ações dos EUA é dominado pelas chamadas Big Techs - as sete maiores empresas tecnológicas que não só geram um enorme aumento de valor, como também implementam eficazmente as tecnologias mais recentes. E a Europa? "Não aproveitámos esta oportunidade", admite Dawid Osiecki.

Inteligência artificial: oportunidade ou mais um desafio?

O relatório de Mario Draghi, sobre o futuro da competitividade europeia, indica que a inteligência artificial pode ser uma oportunidade para a Europa reduzir o fosso face aos Estados Unidos. Mas também aqui a situação não é simples. Os trabalhadores europeus declaram compreender em 95% os benefícios da IA, mas dois terços deles receiam perder o emprego. Pior ainda, três quartos apontam para a falta de acesso real a ferramentas de IA no local de trabalho. E um terço refere a falta de formação e educação que permitiria uma melhor utilização das novas tecnologias.

Menos gigantes, mais empresas de dimensão intermédia

Os dados recolhidos num estudo realizado em 800 empresas de seis países europeus mostram que as maiores empresas europeias (com um valor superior a 10 mil milhões de dólares) estão a lidar com a adoção da inteligência artificial a um nível comparável ao dos gigantes americanos. Os problemas começam nas empresas mais pequenas.

"O problema está mais abaixo. As empresas mais pequenas, especialmente as que valem entre um e 2,5 mil milhões, têm três vezes menos probabilidades de implementar com êxito a IA do que as suas congéneres americanas", explica o especialista.

Além disso, a economia europeia é mais fragmentada: existem mais empresas de média dimensão, mas menos gigantes mundiais. Estas organizações mais pequenas têm frequentemente um acesso limitado à tecnologia, às ferramentas e a pessoal especializado. Não é apenas a dimensão das empresas que é importante. As diferenças setoriais são igualmente importantes. O setor aeroespacial, a defesa e a indústria avançada estão na vanguarda da utilização da IA na Europa. Entretanto, o setor público ou o setor da energia constituem casos isolados significativos - diferenças de várias dezenas de pontos percentuais.

Os resultados entre os países são igualmente variados. A Suíça, a Alemanha e França estão na liderança, mas, quando se considera a estrutura setorial, o Reino Unido surge como líder, com um nível de adoção da IA superior a 50%. Por outro lado, França, apesar das grandes empresas e das elevadas ambições tecnológicas, apresenta um nível de adoção surpreendentemente baixo – cerca de 30%. Espanha e Itália encontram-se no fim da tabela.

Falta de investimento, falta de coragem

"O maior problema? O investimento", afirma o especialista, sem hesitar. Entre 2013 e 2023, o capital investido em novas tecnologias nos EUA foi entre 5 a 7,5 vezes maior do que na Europa. Ao mesmo tempo, as empresas europeias tentaram compensar as diferenças organizacionais, mas sem sucesso.

"Não se pode simplesmente apertar o cinto durante uma década e esperar resultados. É preciso investir, formar, implementar novas tecnologias com coragem", sublinha Osiecki.

E quanto à regulamentação?

A burocracia europeia é frequentemente vista como uma barreira à inovação. Mas, como afirma o nosso interlocutor, "os maiores intervenientes na Europa lidam com isso sem grandes problemas. Para as empresas mais pequenas, porém, as regulamentações podem ser uma desculpa ou um obstáculo". Na sua opinião, o fundamental não é apenas simplificar a regulamentação, mas, acima de tudo, tomar decisões mais rápidas, ter mais coragem e promover a educação tecnológica em massa.

A corrida europeia contra o tempo

A União Europeia tem objetivos ambiciosos: até 2030, 75% das empresas deverão utilizar tecnologias de computação em nuvem e IA, e pelo menos 20 milhões de cidadãos deverão possuir competências digitais avançadas. Trata-se de um enorme desafio organizacional, financeiro e social. Se a Europa quiser manter a sua soberania tecnológica e competitividade económica, não pode dar-se ao luxo de adiar.

Será fundamental aumentar o investimento em novas tecnologias, apoiar as médias empresas na adoção da IA, nivelar as diferenças entre setores e países, desbloquear ferramentas para os trabalhadores e garantir a sua formação.

"Se não o fizermos, a produtividade europeia continuará a ficar para trás. E, com ela, a competitividade de todo o continente", conclui Dawid Osiecki.


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