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Exposição pré-natal a químicos pode aumentar risco de obesidade e hipertensão nas crianças

• May 27, 2024, 7:18 PM
5 min de lecture
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Os desreguladores endócrinos (EDC) são substâncias químicas quase omnipresentes no nosso ambiente. Podem ser encontrados em cosméticos, gasolina, produtos de higiene e limpeza, vestuário, mobiliário, latas, embalagens de alimentos e plásticos.

Um novo estudo global efetuado pelo Institute for Global Health (ISGlobal) de Barcelona demonstrou que a exposição pré-natal a desreguladores endócrinos está associada a uma pior saúde metabólica na infância, o que, por sua vez, aumenta o risco de síndrome metabólica na idade adulta.

O termo "síndrome metabólica" engloba patologias como a obesidade abdominal, a hipertensão e a resistência à insulina que, em conjunto, aumentam a probabilidade de sofrer de doenças cardiovasculares e de diabetes de tipo 2.

O estudo foi recentemente publicado na revista "Jama Network Open" e vem juntar-se às provas crescentes sobre os perigos destes produtos químicos para a saúde.

Estudo feito em seis países europeus

Estudos anteriores já tinham demonstrado uma ligação entre a exposição individual a alguns desreguladores endócrinos durante a fase pré-natal e alguns dos fatores que constituem a síndrome metabólica, nomeadamente a obesidade e a pressão arterial.

Desta vez, a equipa do ISGlobal propôs-se avaliar o impacto combinado destas substâncias na totalidade dos fatores da síndrome metabólica.

O estudo envolveu 1334 mulheres e respetivos filhos de seis países europeus: Espanha, França, Grécia, Lituânia, Noruega e Reino Unido.

A exposição pré-natal a um total de 45 desreguladores endócrinos foi analisada através de amostras de sangue e urina recolhidas das mães durante a gravidez ou do cordão umbilical após o nascimento.

As crianças foram seguidas através de um exame clínico, de uma entrevista e da recolha de amostras biológicas quando tinham entre 6 e 11 anos, para obter um índice de risco de síndrome metabólica.

Descobriram que as misturas de metais, as substâncias perfluoroalquiladas e polifluoroalquiladas (PFAS), os pesticidas e os retardadores de chama estavam associados a um maior risco de síndrome metabólica.

As PFAS são também designadas por "químicos eternos" porque demoram muito tempo a decompor-se.

No que respeita aos metais, a associação observada deveu-se principalmente ao efeito do mercúrio, que pode ser encontrado em peixes grandes.

Por outro lado, as classes químicas, incluindo os ftalatos, os bisfenóis e os parabenos, não demonstraram um risco acrescido.

'Misturas de químicos de várias fontes'

"Este estudo muda a forma como olhamos para os EDC, salientando que estamos expostos a misturas de químicos de várias fontes, como a comida, o ar e o contacto dérmico, em vez de químicos isolados", disse Nuria Güil Oumrait, investigadora do ISGlobal e primeira autora do estudo, à Euronews Health.

"Os resultados mostram que as associações com os riscos para a saúde só são observadas quando estes produtos químicos são avaliados como misturas, refletindo o cenário mais realista da nossa exposição real", acrescentou.

"Além disso, para alguns grupos de EDC, estas associações diferem em função do sexo, sendo as raparigas mais suscetíveis aos PFAS e aos bifenilos policlorados (PCB), o que se explica pela perturbação das vias das hormonas esteroides sexuais", explicou.

Os peritos afirmam que é necessário adotar mais regulamentação governamental para limitar a nossa exposição a estes produtos químicos.

Mas também "para evitar a ingestão, é importante ter em conta os hábitos quotidianos que podem ajudar a reduzir os níveis de exposição, contribuindo para um ambiente mais saudável tanto para os indivíduos como para os filhos", afirmou Güil Oumrait.

Estes incluem evitar o plástico quando se guardam ou cozinham alimentos, escolher cosméticos isentos de desreguladores endócrinos (como parabenos, benzofenona, triclosan e ftalatos), reduzir a ingestão de alimentos processados ou enlatados e limitar o consumo de produtos de origem animal.