DGS pondera proibir venda de bebidas energéticas a menores de idade

A Direção-Geral da Saúde (DGS) admite proibir a venda de bebidas energéticas a menores de idade, numa altura em que o tema é discutido em vários países europeus. A informação foi avançada ao semanário Expresso e confirmada pela Euronews.
Em declarações à Euronews, a DGS lembra que, além da restrição à publicidade dirigida a menores de 16 anos, existe também a proibição da venda destas bebidas nas escolas públicas. Contudo, a DGS considera que estas ações podem ainda ser complementadas de forma a garantir a proteção da saúde dos jovens.
"A evidência mostra que, para além da regulação da publicidade e da regulação da sua oferta em determinados espaços públicos, podem ser consideradas medidas adicionais que limitem a disponibilidade e o acesso a estas bebidas por parte dos mais jovens, nomeadamente através da restrição da venda a grupos populacionais específicos, como crianças e adolescentes", defende a autoridade de saúde portuguesa num esclarecimento por escrito.
A DGS diz ainda reconhecer a relevância da proposta do Governo do Reino Unido de restringir a venda de bebidas energéticas a menores de 16 anos e entende que esta medida poderá vir a ser aplicada também noutros países, tal como aconteceu com a medida do imposto às bebidas açucaradas.
"Em Portugal, estamos atentos ao impacto que esta medida terá no Reino Unido e a outras questões científicas e, caso seja demonstrado impacto, será feita uma proposta nesse sentido", garante.
Em Portugal não existe qualquer restrição à venda destas bebidas a menores, mas essa discussão estende-se já a vários países, como Espanha, Alemanha, Eslovénia ou Hungria. Na Noruega, a proibição de venda a menores de 16 anos arranca em janeiro.
No Reino Unido, onde se acredita que até um terço das crianças consuma estes tipos de bebidas todas as semanas, apesar da maioria dos supermercados já terem introduzido uma proibição voluntária, está a decorrer uma consulta pública de 12 semanas para recolher evidências dos especialistas em saúde e educação, bem como do público e dos retalhistas e fabricantes que já proíbem as bebidas.
Já em Portugal as bebidas energéticas tiveram um aumento de vendas de quase 50% nos supermercados portugueses em apenas dois anos.
Segundo a DGS, diversos estudos internacionais têm demonstrado que o consumo destas bebidas é elevado e tem vindo a aumentar entre adolescentes e jovens adultos, estimando-se nos adolescentes, que cerca de 44,5% tenham consumido bebidas energéticas pelo menos uma vez no último ano e 33,5% tenha consumido pelo menos uma vez no último mês.
"Em Portugal, apesar de existirem poucos estudos representativos a nível nacional, os dados disponíveis também apontam para conclusões semelhantes", refere o organismo, citando um estudo da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) realizado em 2014 no distrito de Lisboa que mostrou que 42% dos adolescentes consumiam bebidas energéticas.
"Outro estudo, realizado em 2017 com adolescentes da região Norte, revelou que 76% já tinham experimentado estas bebidas, na maioria dos casos entre os 12 e os 15 anos, e que 63% tinham consumido pelo menos uma bebida energética no último ano e 39% no último mês", acrescenta a DGS.
Tendo em conta estes dados, a DGS sublinha que "o consumo de bebidas energéticas deve ser evitado por grupos de risco, como crianças, adolescentes, grávidas, lactantes e pessoas com doenças cardiovasculares, gastrointestinais, hipertensão ou perturbações mentais, por serem mais suscetíveis aos efeitos adversos da cafeína".
Nutricionistas e pediatras também têm vindo a alertar para os níveis de açúcar e cafeína muito elevados destas bebidas. Uma lata de 500 ml tem uma quantidade de açúcar equivalente a 14 pacotes de açúcar de 4 gramas. Quanto à cafeína, é o equivalente a cinco latas de Coca-Cola de 330 ml.
Taquicardia, agitação, cefaleias, insónias, desidratação, tonturas, ansiedade, irritabilidade, tremores, aumento da tensão arterial e distúrbios gastrointestinais são apenas alguns dos riscos associados ao consumo destas bebidas.
Além disso, a DGS alerta que o consumo combinado com álcool, frequente na faixa etária mais jovem, potencia ainda mais os riscos.
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