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Google elimina metas de diversidade na contratação para cumprir novas regras de Trump

• Feb 6, 2025, 12:09 AM
6 min de lecture
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A medida, exposta num e-mail enviado aos funcionários da Google na quarta-feira, veio na sequência de uma ordem executiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, destinada, em parte, a pressionar as empresas que celebram contratos com o executivo a descartar as suas iniciativas de diversidade, equidade e inclusão.

Como várias outras grandes empresas de tecnologia, a Google vende parte da sua tecnologia e serviços para o governo federal, incluindo o trabalho desenvolvido pelo seu departamento de computação na cloud, que é uma peça-chave do impulso norte-americano à tecnologia artificial.

A empresa-mãe da Google, a Alphabet, também assinalou a mudança de política no seu relatório anual "10-K" que apresentou, esta semana, à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos. No relatório, a Google retirou uma linha - incluída em relatórios anuais anteriores - onde afirmava estar "empenhada em tornar a diversidade, a equidade e a inclusão parte integrante de tudo o que fazemos e em desenvolver uma força de trabalho que seja representativa dos utilizadores que servimos".

A Google gera a maior parte das receitas anuais da Alphabet, no valor de 350 mil milhões de dólares (338 mil milhões de euros), e é responsável por quase toda a sua força de trabalho mundial de 183.000 pessoas.

"Estamos empenhados em criar um local de trabalho onde todos os nossos funcionários possam ter sucesso e oportunidades iguais e, ao longo do último ano, temos estado a rever os nossos programas concebidos para nos ajudar a atingir esse objetivo", afirmou a Google, num esclarecimento à Associated Press.

"Atualizámos a nossa linguagem '10-K' para refletir isso mesmo e, como contratante federal, as nossas equipas estão também a avaliar as alterações necessárias na sequência das recentes decisões judiciais e ordens executivas sobre este tópico."

Trump com políticas mais rígidas de diversidade

A mudança no discurso também ocorre um pouco mais de duas semanas depois de o CEO da Google, Sundar Pichai, e outros executivos proeminentes do setor da tecnologia - incluindo o diretor-executivo da Tesla, Elon Musk, o fundador da Amazon, Jeff Bezos, o CEO da Apple, Tim Cook, e o diretor-executivo da Meta, Mark Zuckerberg - terem apoiadoTrump durante sua inauguração.

A Meta abandonou o seu programa de diversidade, equidade e inclusão no mês passado, pouco antes da tomada de posse, enquanto a Amazon suspendeu algumas das suas iniciativas neste âmbito em dezembro, na sequência da eleição de Trump.

Muitas empresas de fora do setor tecnológico também se afastaram dessas políticas. Entre elas estão a Walt Disney Co, a McDonald's, a Ford e a Walmart.

A recente ordem executiva de Trump ameaça impor sanções financeiras aos contratantes federais considerados como tendo programas "ilegais" de diversidade, equidade e inclusão. Se as empresas forem consideradas em infração, poderão ser sujeitas a enormes indemnizações ao abrigo da Lei das Falsas Declarações de 1863. A lei estabelece que os contratantes que apresentem falsas alegações ao governo podem ser responsabilizados pelo triplo dos danos causados ao executivo.

O desafio para as empresas é saber quais as políticas de diversidade, equidade e inclusão que a administração Trump pode determinar que são "ilegais".

Tanto no setor público, como no privado, as iniciativas de diversidade abrangem uma série de práticas, desde a formação anti-discriminação e a realização de estudos sobre a equidade salarial, até à realização de esforços para recrutar mais elementos pertencentes a grupos minoritários e mulheres para os quadros.

Google na vanguarda

A Google, sediada na Califórnia, tinha já vindo a tentar contratar mais pessoas de grupos sub-representados há mais de uma década, mas incrementou esses esforços em 2020, depois de o assassinato de George Floyd, pela polícia em Minneapolis, ter desencadeado um clamor por mais justiça social.

Pouco depois da morte de Floyd, Sundar Pichai estabeleceu uma meta para aumentar a percentagem de grupos sub-representados nas fileiras de liderança da empresa de Mountain View, na Califórnia, em 30% até 2025. Desde então, a Google tem feito alguns progressos, mas a composição da sua liderança não mudou drasticamente.

A representação de negros em cargos de liderança na empresa aumentou de 2,6% em 2020 para 5,1% no ano passado, de acordo com o relatório anual de diversidade da Google. Para os hispânicos, a variação foi de 3,7% para 4,3%. A proporção de mulheres em cargos de liderança, por sua vez, aumentou de 26,7% em 2020 para 32,8% em 2024, de acordo com o relatório da empresa.

Os números não são muito diferentes se considerados os recursos humanos da Google de um modo generalizado, com os funcionários negros a corresponderem a 5,7% do total de colaboradores e os latinos a 7,5%. Dois terços da força de trabalho mundial da Google é composta por homens, de acordo com o relatório de diversidade.