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Mulher processa clínica de fertilidade depois de dar à luz bebé de outra pessoa

• Feb 20, 2025, 3:21 PM
6 min de lecture
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Uma mulher dos Estados Unidos está a processar uma clínica de fertilidade depois de ter dado à luz um bebé que não era seu.

Krystena Murray engravidou depois de se ter submetido a uma fertilização in vitro (FIV) há dois anos e disse que, até ao parto, não sabia que a clínica de fertilidade tinha cometido um erro fatídico.

Em dezembro de 2023, Murray deu à luz um menino saudável. Mas ela também soube imediatamente que o bebé não se tinha desenvolvido a partir de um dos seus próprios óvulos fertilizados em laboratório. O bebé era negro, enquanto Murray e o seu dador de esperma eram ambos brancos.

Diz que mais tarde soube que os médicos tinham transferido o embrião de outra paciente em vez do seu. Apesar disso, Murray decidiu criar a criança.

Mas depois de comunicar a confusão à clínica de fertilidade, diz ela, o pessoal da clínica localizou e notificou os pais biológicos do bebé, que exigiram a custódia da criança, disse Murray. A mulher desistiu do menino de cinco meses para evitar uma luta legal que não poderia ganhar.

Murray, que é natural do estado norte-americano da Geórgia, intentou uma ação civil na terça-feira contra a Coastal Fertility Specialists, alegando que a negligência da clínica ao misturar os seus embriões com os do outro casal lhe causou dor e angústia contínuas.

"Nunca me senti tão violada e a situação deixou-me emocional e fisicamente destroçada", disse Murray, 38 anos, aos jornalistas durante uma conferência de imprensa virtual.

"Passei toda a minha vida a querer ser mãe. Amei, cuidei e fiz crescer o meu filho e teria feito literalmente qualquer coisa para ficar com ele".

O consultório médico pediu desculpa, numa declaração enviada por correio eletrónico, pelo que chamou "um erro sem precedentes que resultou numa confusão na transferência de embriões".

A clínica adotou novas medidas de segurança para evitar a ocorrência de erros semelhantes no futuro.

"Tratou-se de um acontecimento isolado que não afetou mais nenhum doente", refere o comunicado. "Estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para corrigir a situação das pessoas afetadas por este incidente".

Não se sabe como ocorreu a confusão

Murray disse que tudo parecia normal quando começou o tratamento no início de 2023. Ela tomou injeções para estimular a produção de óvulos, que foram posteriormente colhidos e fertilizados em laboratório com o esperma de um dador.

A mulher disse que engravidou na segunda vez que um embrião foi implantado no seu útero.

Mas a sua ação judicial diz que o erro "extremo e ultrajante" da clínica fez com que Murray fosse "transformada numa barriga de aluguer involuntária, contra a sua vontade, para outro casal".

A mulher está a pedir uma indemnização monetária não especificada.

O seu advogado, Adam Wolf, disse que Murray ainda não sabe o que aconteceu aos seus próprios embriões. "Ainda não se sabe como ocorreu a confusão", vincou.

O escritório de advocacia de Wolf já representou mais de mil pacientes que entraram com ações contra clínicas de fertilidade, muitas vezes por erros como embriões perdidos ou danificados por terem caído no chão ou terem sido armazenados em congeladores com mau funcionamento.

Segundo o advogado, a transferência do embrião errado para um paciente parece ser rara.

"As clínicas de fertilidade realizam um trabalho de importância vital", notou Wolf. "Com esse trabalho fantástico vem uma responsabilidade real. E quando as clínicas de fertilidade cometem erros como este, as consequências alteram as suas vidas", acrescentou.

Como Murray perdeu a custódia

Murray fez um teste de ADN no início do ano passado que confirmou que o bebé não veio de um dos seus embriões.

O advogado da mulher sublinhou que a sua empresa notificou a Coastal Fertility Specialists pouco depois, porque Murray esperava que a clínica melhorasse os seus procedimentos e salvaguardas.

A clínica determinou quem eram os pais biológicos da criança, destacou Wolf, e informou-os de que Murray tinha dado à luz depois de receber um dos seus embriões.

Murray revelou que o casal a processou pela custódia no ano passado. A mulher diz ter-se oferecido para entregar o bebé, depois de os seus advogados lhe terem dito que não tinha qualquer hipótese de ganhar em tribunal.

Isso aconteceu em maio do ano passado, quando o bebé tinha 5 meses. Murray confessou que nunca mais o viu desde então.

"Considerei as consequências da fertilização in vitro", disse Murray, incluindo os riscos de hemorragia, infeção, esterilidade e possivelmente morte.

"Nunca pensei que poderia dar à luz o filho de outra pessoa e tirá-lo de mim", referiu. "E sinto que isso deve ser algo de que as mulheres estejam conscientes como uma possibilidade real", concluiu.