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Feira nos EAU apresenta tecnologia que pode salvar vidas

• Feb 5, 2020, 4:30 PM
4 min de lecture

O recente surto de coronavírus mostrou-nos que o sistema global de saúde é tão forte quanto o elo mais fraco que o integra. A chave para conter a propagação de doenças está no fortalecimento da rede e a comunicação entre os órgãos de saúde, temas que marcaram a feira de saúde Arab Health 2020, no Dubai.

Através do uso de inteligência artificial, os médicos vão poder relacionar dados e agir rapidamente numa situação de emergência.

"Como médicos e profissionais de emergência, estamos muitas vezes na linha de frente. Mas vou dar um exemplo de como a tecnologia e a inteligência artificial podem ajudar em surtos, não apenas o coronavírus, mas também a gripe sazonal. Quando uma organização como a OMS é alertada para a propagação de um vírus novo, a inteligência artificial pode permitir a sinalização dos sintomas pouco comuns antes de os médicos e os departamentos de saúde se aperceberem da ocorrência. E isso pode ajudar-nos a superar epidemias talvez um mês antes de elas realmente piorarem", explica o presidente do Instituto de Medicina de Emergência do Hospital Cleveland Abu Dhabim Jacques Kobersy.

Na Arab Health, 55 mil participantes de 159 países rumaram ao Dubai para mostrar e aprender mais sobre as tecnologias inovadoras que prometem revolucionar o sistema de saúde.

Num futuro próximo, a inteligência artificial vai estar na base de "ambulâncias inteligentes" que chegam automaticamente à casa dos pacientes.

De acordo com Rashid al Hashimi, do Ministério da Saúde dos Emirados Árabes Unidos (EAU), "os pacientes de alto risco vão poder usar dispositivos, que, no caso de acontecer alguma coisa, começam a enviar todos os dados vitais para o sistema e o hospital. Desta forma, o médico vai poder monitorizar todos esses dados e o paciente 24 sobre 24 horas".

Neste cenário futuro, o percurso do veículo será facilitado pela passagem automática de todos os semáforos a verde. "Já dentro dos veículos, câmaras de alta resolução reconhecem as caras dos utilizadores e o sistema fornece todos os dados necessários aos socorristas. Todo o percurso é acompanhado por um médico virtual", revela.

A inteligência artificial é já uma ferramenta essencial em alguns implantes.

Com um pequeno aparelho na mão, a médica Noor al Muhari, conta como, através de "dispositivos sob a pele", é possível "telemonitorizar pacientes cardíacos, mesmo em casa". A profissional do Ministério da Saúde dos EAU revela que o dispositivo foi colocado em 30 pacientes. "Um deles estava em Londres e detetámos uma anomalia no coração. Ligámos-lhe e aconselhámo-lo a dirigir-se ao hospital mais próximo e isso salvou-o".

Em colaboração com no Japão, os Emirados Árabes Unidos preparam-se para fazer um estudo clínico. Na a Universidade de Osaka, uma investigação científica permitiu já recuperar células cardíacas danificadas através de células estaminais.

Através de informação recolhida por uma máquina, é também possível analisar imagens de feridas, o que pode vir a evitar amputações causadas por doenças como a diabetes.

Através de um pequeno ecrã apontado a uma mão, a médica Halima el Shehhi, procura localizar uma ferida. "Está a analisar o processo de cicatrização do pé diabético e dá-nos os resultados em 30 segundos", afirma. Através de um histórico de 15 anos armazenado, o aparelho "vai comparar a outros tipos de feridas e analisar o problema", o que poderá "impedir complicações de diabetes como a amputação".

Para Kobersby, "quer se trate de inteligência artificial, novos equipamentos, ou novos métodos de análise e tratamento, aquilo o que antes só podíamos imaginar está agora a acontecer".

Em breve, o tratamento de doenças após a ocorrência vai poder dar lugar a uma era de cuidados de saúde verdadeiramente preventivos.