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Columbus: O laboratório europeu no espaço

• Jan 18, 2018, 9:49 AM
6 min de lecture

Bem-vindos a Space aqui no Centro Europeu de Astronautas em Colónia.

Este mês, debruçamo-nos sobre o módulo Columbus na Estação Espacial Internacional, o centro científico da Europa no espaço.

Nos últimos 10 anos tem sido utilizado por astronautas para realizar experiências em si mesmos, cultivar plantas e até mesmo desenvolver novos metais. Vamos descobrir mais. 

Há dez anos, o Columbus apanhou uma boleia de foguetão para o espaço.

O primeiro laboratório em órbita da Europa foi cuidadosamente agregado à Estação Espacial Internacional.

Hoje, é o local de trabalho e o local favorito do astronauta Paolo Nespoli: "Para um astronauta europeu, é um pouco como o lar. Por definição, por padrão, quando um astronauta europeu voa, ele ou ela, é responsável pelo Columbus, pelo laboratório. O que significa mantê-lo e assegurar que tudo funciona"

O astronauta da Agência Espacial Europeia, Leopold Eyharts, supervisionou, em 2008, a instalação do módulo de 10 toneladas e faz-nos uma visita guiada aos modelos de treino dos astronautas, aqui em Colónia, na Alemanha.

"Tive a sorte de fazer parte desta missão e ser o primeiro astronauta europeu a entrar no Columbus e acender as luzes. Isto é quase como aquele que está a bordo da Estação Espacial Internacional. No interior, o módulo está muito bem organizado. Este é um laboratório científico, então, é claro, há muitas instalações científicas. Aqui temos um ambiente de microgravidade, que é permanente, para que possamos fazer experiências com uma longa exposição à microgravidade, então há uma continuidade na ciência", conta Eyharts.

​Realizar e repetir experiências produziu resultados inovadores, como esta experiência sobre como as plantas lidam com a ausência de gravidade.

Os cientistas querem desenvolver sistemas para produzir alimentos para os astronautas em missões de longa duração.

A diretora de investigação do Centro Interdisciplinar de Investigação no Espaço, Ann-Iren Kittang, partilha: "Nós podemos cultivar plantas em microgravidade ou sem gravidade. As plantas conseguem adaptar-se, conseguem germinar a partir de sementes, conseguem passar por todo o ciclo de vida e produzir novas sementes. Assim, elas conseguem adaptar-se muito bem a estas condições e isso é muito fascinante ".

Outra série de experiências, no Columbus, expôs formas de vidas terrestres ao universo, no exterior do módulo.

Foram colocadas em recipientes, no vácuo do espaço, por um ano e meio. Algumas expostas ao Sol, outras na sombra, para testar o quão resistentes realmente são:

"Três desses recipientes foram dentro da missão Expose-E até à Estação. Enviámos diferentes micro-organismos, desde bactérias, até líquenes, e também algumas larvas de diferentes animais. De facto, quando voltaram, vários desses organismos sobreviveram ", conta a astro bióloga do Centro Aeroespacial Germânico, Elke Rabbow.

​​A Estação Espacial Internacional começou a tomar forma em 1998 com o módulo Zarya, da Rússia. Hoje em dia, é composta por laboratórios científicos do Japão, Rússia, Estados Unidos da América e, pelo Columbus, da Agência Espacial Europeia.

A bordo, os astronautas seguem uma agenda de experiências bastante agitada. Muitas dessas experiências são em si mesmos.

​Testam como é que os seus músculos, ossos, sangue e cérebro reagem no espaço.

​Uma surpresa é que, no espaço, os cérebros dos astronautas reduziram a atividade elétrica e o desempenho. Ninguém sabe, ainda, a razão.

Enquanto isso, esta equipa analisa a radiação - um dos maiores perigos para os astronautas.

Numa experiência, chamada de Dosis3D, conseguiram mapear como a radiação varia no interior do módulo Columbus.

O chefe do grupo de investigação em Biofísica do Centro Aeroespacial Germânico, Thomas Berger conta: "Uma vez que a Dosis3D está a decorrer há bastante tempo pudemos ver, também, as mudanças no ambiente de radiação devido ao facto de que, por exemplo, a Estação Espacial foi levantada a cerca de 70 quilómetros de altitude - o que mudou o ambiente de radiação. Então, podemos ver variações devido ao ciclo solar, dependendo se o Sol está muito ativo ou não ".

​O Columbus é o único lugar onde os cientistas podem realizar experiências num ambiente sem gravidade, onde podem estudar, por exemplo, como é que as novas ligas de metais solidificam sem a influência da gravidade.

Os instrumentos são controlados a partir da Terra, mas contam com a ajuda, fundamental, dos astronautas.

"Os astronautas são importantes para nós pois foram eles que montaram a instalação. Por exemplo, eles mudam os sistemas de câmaras. Portanto, para diferentes experiências, precisamos, por exemplo, de câmaras com alta resolução espacial, ou, para outras experiências, precisamos de uma maior frequência de registo. Então, essa mudança câmaras tem de ser feita pelos astronautas", sublinha o cientista de materiais do Centro Aeroespacial Germânico, Thomas Volkmann.

​Essa cooperação entre astronautas, em órbita, e os cientistas, na Terra, continuará pois estima-se que a Estação Espacial Internacional permaneça ativa por mais 10 anos.

As investigações permitem aos cientistas sonhar com uma exploração da Lua, e mais tarde até de Marte.

​​"A Estação Espacial Internacional é, também, uma boa ferramenta para preparar o futuro da exploração - pode ser no campo médico, no estudo do corpo humano, mas também na tecnologia, a robótica e essas coisas que serão usadas nas futuras explorações", diz o astronauta Leopold Eyharts.

Enquanto isso, do pequeno laboratório, o lar dos astronautas da Agência Espacial Europeia em órbita, continuarão a sair grandes avanços científicos

​​Paolo Nespoli afirma: "É incrível que num espaço relativamente pequeno, porque afinal é um módulo, é como uma sala, pode fazer-se tudo o que se quiser e que esteja relacionado com a ciência no espaço".