Massive Attack anunciam aliança de músicos que se pronunciam sobre a situação em Gaza

O célebre coletivo britânico de trip hop Massive Attack anunciou uma aliança de músicos que se pronunciaram sobre a situação em Gaza contra “intimidações vindas de dentro” da indústria musical.
Os Massive Attack recorreram às redes sociais, na quinta-feira à noite, para partilhar uma declaração em que anunciam o “movimento” - uma união de músicos que se têm pronunciado sobre a guerra entre Israel e a Palestina e enfrentaram tentativas de censura.
O comunicado diz o seguinte: "As cenas em Gaza são indescritíveis. Escrevemos enquanto artistas que optaram por usar as suas plataformas públicas para se manifestarem contra o genocídio que está a ocorrer no local e o papel do governo do Reino Unido na sua facilitação."
“Por causa das nossas expressões de consciência, temos sido sujeitos a várias intimidações dentro da nossa indústria (ao vivo e gravadas) e legalmente através de organismos organizados como os UK Lawyers For Israel; cuja gama de atividades foi agora finalmente exposta num novo documentário projetado ontem à noite pelo coletivo Led By Donkeys.”
Led By Donkeys é um grupo de campanha política do Reino Unido que foi formado em 2018 enquanto grupo anti-Brexit. Ontem à noite, estrearam um novo documentário sobre os UK Lawyers For Israel (UKLFI) e a forma como tentaram silenciar Bob Vylan após a sua controversa atuação em Glastonbury no mês passado. Os UKLFI reivindicaram a responsabilidade por fazerem com que Bob Vylan fosse retirado de vários alinhamentos de festivais no Reino Unido, bem como pelas ações contra Kneecap.
Mais tarde, no comunicado divulgado pelos Massive Attack, a banda afirma: "Tendo resistido a estas campanhas de tentativa de censura, não vamos ficar de braços cruzados e permitir que outros artistas - particularmente aqueles em fases iniciais das suas carreiras ou noutras posições de vulnerabilidade profissional - sejam ameaçados com o silenciamento ou o cancelamento da sua carreira. Neste espírito, encorajamos os artistas que foram colocados nesta posição, ou aqueles que agora desejam usar as suas plataformas para falar sobre a Palestina, mas estão preocupados com as repercussões industriais ou legais, a contactar-nos".
A publicação termina com uma lista de exigências coletivas que os Massive Attack e os artistas que os apoiam elaboraram: “Acesso imediato e sem restrições a Gaza por parte de agências de ajuda internacional reconhecidas, sem ameaça militar”; “o fim do atroz ataque a trabalhadores médicos e de ajuda humanitária”; “o fim da venda de armas/licenças do Reino Unido a Israel”; “um cessar-fogo imediato e permanente”; “uma Palestina livre”.
Os Massive Attack falaram sobre a aliança em declarações ao Guardian: "Esta ação coletiva pretende oferecer algum tipo de solidariedade aos artistas que vivem dia após dia num genocídio do tempo de ecrã, mas que estão preocupados em usar as suas plataformas para expressar o seu horror devido ao nível de censura dentro da sua indústria ou de organismos legais externos altamente organizados, que os aterrorizam e às suas equipas de gestão com ações legais agressivas. A intenção é clara e óbvia: silenciá-los".
Entre os artistas que já expressaram o seu apoio à aliança estão os Kneecap, os Fontaines D.C. e Brian Eno.
Os Kneecap acrescentaram, numa publicação própria: "Acabem com as ameaças e a censura contra os artistas que se manifestam contra o genocídio na Palestina. Manifestem-te. Insurjam-se. Nós somos a maioria".
Em abril, os Massive Attack emitiram uma declaração de apoio aos Kneecap, na sequência da notícia de que o trio de rap irlandês estava a ser investigado pela polícia antiterrorista do Reino Unido.
A banda juntou-se também a Dua Lipa, ao ator Benedict Cumberbatch e ao ex-jogador de futebol Gary Lineker - entre outros nomes de relevo - na redação de uma carta em que apelava ao primeiro-ministro Keir Starmer para “pôr fim à cumplicidade do Reino Unido” no que diz respeito à situação em Gaza.
A carta exigia que todas as vendas de armas do Reino Unido a Israel fossem imediatamente suspensas e que o governo se comprometesse a procurar um cessar-fogo para “as crianças de Gaza”.
Anteriormente, os Massive Attack juntaram-se aos Fontaines D.C. e aos Young Fathers num single de beneficência para Gaza em 2023, em que 100% dos lucros do single foram doados à instituição de caridade Médicos Sem Fronteiras para ajudar as suas operações de emergência em Gaza e na Cisjordânia.
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