Quadro renascentista roubado regressa a Itália 52 anos depois

A obrea "Madona com o Menino" de Antonio Solario, uma obra-prima do Renascimento italiano há muito procurada, regressou finalmente ao Museu Cívico de Belluno após mais de 50 anos.
Para completar a sua viagem, a proprietária britânica do quadro, Barbara de Dozsa, precisou de ser convencida de que era "a coisa certa a fazer", uma vez que a pintura a óleo do século XVI foi roubada do museu em 1973.
De Dozsa, que herdou a tela do seu falecido marido, recusou-se inicialmente a devolvê-la, apesar de constar da base de dados de arte roubada da Interpol desde o roubo.
A mulher por ser persuadida a devolvê-la por Christopher Marinello, advogado e fundador da Art Recovery International, especializado na recuperação de arte roubada.
"Quando se trata de devolver arte roubada e fazer a coisa certa, posso ser irritantemente persistente", disse Marinello, que tem sido amplamente descrito como o Sherlock Holmes do mundo da arte.
A libertação incondicional da obra de arte foi, em última análise, "uma decisão de Barbara de Dozsa, que fez uma escolha sensata", afirmou num comunicado. "A sua gentileza devolveu-me a fé nas pessoas que, sem saber, ficam na posse de obras de arte roubadas ou saqueadas".
A família de Marinello é originária da região do Veneto, onde se situa Belluno. Marinello tratou das negociações com de Dozsa numa base pro bono.
Antonio Solario foi formado em Veneza e trabalhou durante as duas primeiras décadas do século XVI. O seu trabalho está exposto em toda a Europa, incluindo na National Gallery em Londres.
O Museu Cívico de Belluno adquiriu originalmente a sua "Madona com o Menino" em 1872, entre outras obras que foram roubadas um século mais tarde.
O antigo marido de De Dosza, o falecido Barão de Dozsa, comprou o quadro em 1973, pouco depois do roubo. Sem saber de onde vinha, levou-o para a sua propriedade de Norfolk, em Inglaterra.
O seu paradeiro era desconhecido até Barbara de Dozsa tentar vendê-lo numa casa de leilões regional em 2017.
A mulher alegou ser proprietária com base na Lei de Limitações do Reino Unido de 1980, que estabelece que uma pessoa que compra bens roubados pode ser reconhecida como proprietária legal após seis anos, se a compra não estiver relacionada com o roubo.
"Disparate", disse Marinello, que afirmou que a inclusão do quadro nas bases de dados de arte roubada significava que "nunca poderia ser vendido, exposto ou mesmo transportado sem o risco de ser apreendido".
Belluno acolheu com alegria o regresso definitivo do Solario. "Hoje é um dia de festa", afirmou o presidente da câmara, Oscar de Pellegrin, numa publicação no Instagram.
O Museu Cívico de Belluno vai expor a "Madona e o Menino" até 27 de julho. Depois, será retirada para ser submetida a trabalhos de restauro.
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