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MOTELX enche Lisboa de sustos até dia 16

• Sep 9, 2024, 6:44 AM
7 min de lecture
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O MOTELX, que arranca esta terça-feira e leva o terror a Lisboa até ao dia 16 de setembro, chega à maioridade com esta 18ª edição. Uma maioridade que deixa orgulhoso Pedro Souto, um dos fundadores e diretores (a par de João Monteiro) deste festival 100% dedicado ao cinema de terror, que tem vindo a trazer, com o passar dos anos, cada vez mais público às salas do cinema São Jorge. Não só o público tem aumentado, como o número de filmes portugueses presentes nas várias secções: "Ao longo destes anos, recebemos mais de 1000 filmes portugueses", diz Souto. "Se, nos primeiros anos, a oferta de cinema português era residual, começou a crescer com muita força, sobretudo a partir do terceiro ano, quando foi criado o prémio de melhor curta-metragem portuguesa", acrescenta.

Ao longo destas 18 edições de MOTELX, recebemos mais de 1000 filmes portugueses.
Pedro Souto
Diretor do MOTELX

O festival abre com "Speak no Evil" (EUA), de James Watkins, um remake do filme dinamarquês que saiu da edição de 2022 do MOTELX com o prémio cimeiro, e fecha com "The Surfer" (Austrália/Irlanda), realizado por Lorcan Finnegan e com Nicholas Cage no principal papel.

Como pratos fortes desta edição do MOTELX, ou não estivéssemos a falar de um festival de terror, Souto destaca um "pentagrama" formado por cinco filmes: o arrepiante thriller do realizador alemão Tilman Singer, “Cuckoo”, que tem por cenário um resort nos Alpes repleto de segredos obscuros, com Hunter Schafer, atriz da série “Euphoria”, o canadiano “In a Violent Nature”, de Chris Nash, "Oddity", que nos chega da Irlanda pela mão de Damian McCarthy e promete muitos sustos, ou ainda "MaXXXine", de Ti West (EUA) e "The Substance", um body horror com assinatura da francesa Coralie Fargeat, com Demi Moore e Margaret Qualley nos principais papéis. O filme recebeu o prémio de Melhor Argumento no festival de Cannes deste ano.

Além do já citado "Oddity", outras cinco longas-metragens entram na principal secção competitiva do festival, em que disputam o Meliès d'Argent para melhor filme de terror europeu. O laureado ganha entrada para a competição pelo Meliès d'Or, que será entregue no festival de Sitges, no próximo mês.

"Des Teufels Bad" (Áustria/Alemanha), de Veronika Franz e Severin Fiala, "Fréwaka" (Irlanda), de Aislinn Clarke, "Im Toten Winkel" (Alemanha) de Ayse Polat, "Planète B" (França/Bélgica), de Aude Léa Rapin e com Adèle Exarchopoulos no principal papel, e ainda "She loved blossoms" (Grécia/França) de Yannis Veslemes completam o lote de nomeados para o Meliès d'Argent.

Do Serviço de Quarto ao Quarto Perdido... secções para todos os gostos

Mas é na secção "Serviço de Quarto", dedicada a filmes vindos dos quatro cantos do mundo e apresentados fora de competição, que estão alguns dos filmes mais aguardados desta edição. Outro destaque da direção do festival vai para o mais recente e inesperado filme dos irmãos norte-americanos David e Nathan Zellner, “Sasquatch Sunset” (com produção executiva de Ari Aster, realizador de "Hereditário" e "Midsommer"), um retrato bizarro e rigoroso da vida quotidiana de uma família de criaturas. Também a estrear em solo nacional, distinguem-se “Vampire humaniste cherche suicidaire consentant”, de Ariane Louis-Seize (Canadá) e a co-produção anglo-americana “Your Monster”, de Caroline Lindy.

Na secção "Quarto Perdido", dedicada ao terror português, destaca-se “A Culpa” (1980), filme que marcou a estreia em cinema do compositor e maestro António Victorino D’Almeida (com presença garantida na sessão) e um dos primeiros exemplos de ficção, depois do 25 de Abril, sobre a guerra colonial. A viagem pela filmografia de género do país tem outra paragem em “As Desventuras de Drácula Von Barreto nas Terras da Reforma Agrária” (1977), uma curta-metragem desenvolvida pela Célula de Cinema do PCP.

Homenagem à revolução

Já que falamos do período revolucionário em Portugal, é impossível falar da edição de 2024 sem mencionar a secção "A Bem da Nação", dedicada aos filmes proibidos pela censura em Portugal antes da revolução de 1974, com que o festival quis honrar os 50 anos do 25 de Abril e nos apresenta um lote de cinco filmes realizados nos anos 1960 e 1970, alguns com um forte pendor erótico, como o italiano "Il Demonio" (1963), realizado por Brunello Rondi.

Uma programação que reflete a boa saúde do cinema de género em Portugal e no mundo. Para Pedro Souto, "a tendência é cíclica e estamos num ciclo de popularidade do cinema de terror, muito graças ao box-office norte-americano". "Mas, independentemente do que faz Hollywood, o cinema independente produz todos os anos um bom lote de filmes de género, e os festivais existem também para divulgar estes filmes de mais difícil acesso", acrescenta. É um papel que o MOTELX volta a assumir este ano, como tem vindo a fazer desde 2007.