Falha no controlo do tráfego aéreo no Reino Unido: companhias aéreas exigem respostas após o cancelamento de mais de 150 voos

Um problema técnico provocou uma breve paragem e desvio de voos na Grã-Bretanha, na quarta-feira, antes dos engenheiros conseguirem restabelecer o sistema, informou o operador de controlo do tráfego aéreo.

O Serviço Nacional de Tráfego Aéreo do Reino Unido (NATS) afirmou que os seus sistemas estão totalmente operacionais, tendo a interrupção durado apenas 20 minutos.

Os aeroportos afirmaram que a perturbação demoraria algum tempo a desaparecer, com muitos aviões e tripulações fora de posição.

A secretária de Estado dos Transportes do Reino Unido, Heidi Alexander, afirmou que "são esperadas perturbações contínuas" e avisou os passageiros para "se informarem junto de cada aeroporto".

Na manhã de quinta-feira, 10 voos de e para o aeroporto de Heathrow foram cancelados, como se pode ler no site do aeroporto.

Companhias aéreas criticam NATS pelas falhas

O sistema NATS sofreu várias falhas de software desde a sua abertura em 2002.

Em agosto de 2023, uma falha fez com que os planos de voo tivessem de ser processados manualmente, em vez de automaticamente. Centenas de voos foram atrasados ou cancelados no pico das férias de verão e cerca de 700.000 passageiros foram afetados.

A companhia aérea económica Ryanair pediu a demissão do diretor executivo da NATS, Martin Rolfe, responsabilizando-o pelas repetidas falhas no controlo do tráfego aéreo. O diretor de operações da companhia aérea, Neal McMahon, afirmou que era "escandaloso" que os passageiros fossem mais uma vez afetados por atrasos e perturbações.

"Mais uma falha do sistema ATC resultou no encerramento do espaço aéreo do Reino Unido, o que significa que os planos de viagem de milhares de passageiros foram interrompidos. É evidente que não foram aprendidas lições desde a falha do sistema NATS em agosto de 2023 e os passageiros continuam a sofrer em resultado da incompetência de Martin Rolfe", afirmou num comunicado.

David Morgan, diretor de operações da easyJet, disse que era "extremamente dececionante" que uma falha do ATC tivesse "mais uma vez" causado atrasos e interrupções numa época do ano muito movimentada para viagens.

"Embora a nossa prioridade hoje seja apoiar os nossos clientes, queremos saber da NATS quais as medidas que estão a tomar para garantir que os problemas não continuem".

O que aconteceu e onde foram afetados os voos?

A NATS afirmou que a falha ocorreu no seu centro de controlo em Swanwick, a sudoeste de Londres, e exigiu que o serviço limitasse o número de aeronaves a voar para garantir a segurança.

Segundo a NATS, o problema estava "relacionado com o radar" e foi necessário reduzir o número de voos por razões de segurança. Mais de 150 voos foram cancelados e milhares de outros ficaram em terra devido à falha técnica.

Cerca de 20 minutos depois de emitir um alerta inicial, a agência disse que os engenheiros tinham resolvido o problema e que estava "no processo de restaurar as operações normais".

O aeroporto de Gatwick, em Londres, informou que o problema afetou os voos de saída em todo o Reino Unido. Alguns voos de entrada foram colocados em padrões de espera ou desviados.

Stansted, outro aeroporto da zona de Londres, declarou que "muitas partidas e chegadas" foram afetadas e aconselhou os passageiros a informarem-se junto das suas companhias aéreas.

A British Airways declarou que o problema a obrigou a reduzir o número de voos de 45 para 32 por horas, durante um período de mais de duas horas.

Alguns passageiros foram confrontados com grandes perturbações, com poucas informações sobre o que se tinha passado.

John Carr disse que o voo para a Noruega, para o casamento do irmão, onde é padrinho e teve de planear o ensaio, foi interrompido. Carr e um grupo de amigos estavam a tomar uma refeição no aeroporto de Heathrow quando o monitor de partidas mostrou que o seu voo tinha sido cancelado.

"Estou muito triste", disse Carr. "Não houve qualquer aviso (do aeroporto) ou da companhia aérea a dizer que o voo tinha sido cancelado. É um disparate. Não há nada que possamos fazer".