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Há um português que merece o ouro nos Jogos Olímpicos e não é atleta

• Aug 1, 2024, 1:25 PM
20 min de lecture
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Filipa Martins fez história ao tornar-se na primeira ginasta portuguesa a alcançar uma final de "All Around" de ginástica artística nos Jogos Olímpicos. Um momento testemunhado por todos através das imagens em vídeo que nos chegam de Paris e das fotografias, que captam o momento perfeito.

Filipa Martins nas provas de qualificação de ginástica artística

Esta imagem é da autoria de José Sena Goulão, que testemunhou ao vivo a história a ser feita. Um momento de emoção para todos os portuguese e até para o fotojornalista português, que está a fazer a cobertura dos seus primeiros Jogos Olímpicos

“São os primeiros Jogos e para mim é um sonho de criança estar aqui. Eu fui atleta de ginástica e de outras coisas, mas especialmente de ginástica, e pensava que um dia ia cá estar. (...) É mesmo assim o auge do que podia fazer na minha carreira”, explicou José Sena Goulão à Euronews.

Ao serviço para agência noticiosa nacional Lusa, o foco do trabalho do fotojornalista são os atletas portugueses.

“Caso os atletas não estejam a ganhar medalhas ou não estejam nos primeiros lugares, muitas vezes não aparecem imagens deles nos órgãos de comunicação estrangeiros. Portanto, essa é a nossa função, garantir que os órgãos portugueses tenham as nossas imagens e pronto, é claro que o impacto é sempre grande”, afirmou.

Um impacto que não se fica apenas pelas capas de jornais, com as fotografias captadas pelo profissional a serem amplamente utilizadas em diferentes plataformas e partilhadas nas redes sociais. “Em relação à parte do Instagram e o que eu tenho que dar, pois sim, o feedback tem sido incrível, incrível mesmo”.

Além dos compromissos profissionais, o fotojornalista aproveita algum tempo livre para fotografar para si próprio e alimentar os canais que também dão vida ao seu trabalho.

“Tudo o resto que eu vou fazendo é por autorecriação e para aproveitar a oportunidade de estar aqui, com os melhores atletas do mundo. Não é todos os dias que acontece, então tenho de tentar fazer o máximo possível”, afirmou, ressalvando como o trabalho pode ser fisicamente desgastante. “Eu gostava de ter mais tempo para dar vazão a tudo o que eu tenho que editar e pôr mais coisas diariamente, só que isto é muito cansativo. São muitas horas de um lado para o outro, muitas horas nos transportes, com o nosso material que é muito pesado o dia todo. Isto é uma maratona, uma prova de resistência”.

Ainda assim, nada demove o jornalista.  Na primeira experiência a cobrir os Jogos Olímpicos, considera-se uma “criança numa loja de brinquedos”, ou não fosse este o maior evento desportivo do mundo.

Luz, câmara, ação...e emoção

Não é fácil definir a fotografia perfeita nem determinar por entre vários disparos, o mais certeiro.

“Eu acho que há maneiras de diferenciar isso, mas por exemplo, falando especificamente da Filipa. Toda a modalidade é incrível, muito fotogénica, os movimentos são graciosos, a luz é bonita, pronto, tudo está conjugado para que as imagens estejam boas” explica o fotógrafo adiantando que todos estes detalhes pode não ser suficientes para garantir a fotografia diferenciadora.

“Agora para se conseguir juntar emoção às imagens, na expressão dela especialmente, e viu-se que ela estava emocionada quando bate no peito, quando acaba o solo e está emocionada porque sabe que provavelmente vai passar. A cara dela quando está na trave, eu acho que é isso”.

Emoções fortes podem definir fotografias lendárias, num trabalho que pode ser facilitado ou dificultado, num evento imprevisível como os Jogos Olímpicos.

“Por exemplo, ontem fui ‘brincar’ um bocadinho ali na esgrima e nunca vi uma coisa tão intensa como aquilo. Porque eles, a cada ponto, são gritos e um ambiente no pavilhão, a cada estocada dá para ter não sei quantas fotos de emoção, quando eles tiram a máscara. É incrível”.

“Fotografamos de onde podemos e não de onde queremos”

Vasco Vilaça e Ricardo Batista conquistaram dois diplomas Olímpicos para Portugal no triatlo e o momento do abraço entre os dois foi captado por José Sena Goulão, que trabalha com as condicionantes de um grande evento.

“Há eventos que eu nunca fotografei na vida. Fiz a prova feminina, correu assim, assim. Depois na masculina já sabia exatamente onde estar, a coisa já correu bem. É preciso sempre um pouco de conhecimento do que se está a fazer” explicou o fotojornalista.

São vários os fatores que podem determinar a captura da fotografia ambicionada. Nos Jogos Olímpicos falamos de um evento de grandes dimensões e, muitas vezes, pouco previsível, onde atuam centenas de fotógrafos de todo o mundo. “Fotografamos de onde podemos e não de onde queremos” afirmou o fotojornalista português, explicando que isso é algo que pode condicionar a sua atuação.

“Em relação a saber se é uma foto que vai ser imensamente partilhada, isso depois também é a conjugação da foto e a notícia. As coisas têm bater certo. Às vezes há várias fotos que são bonitas mas se o evento ou o acontecimento não tem impacto nas pessoas, a foto passa um bocadinho ao lado” afirmou.

“E foi isso o que aconteceu. Eles [Vasco Vilaça e Ricardo Batista] brilharam no triatlo e a Filipa também. Portanto, as duas coisas conjugadas é que dão a dimensão à imagem”.