Ucranianos e russos reagem às reuniões sobre o possível fim da guerra

Os residentes de Kiev sustiveram a respiração enquanto observavam atentamente as reuniões entre o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, o presidente dos EUA, Donald Trump, e os líderes europeus.
Durante a cimeira, Trump manifestou esperança de que ele e Zelenskyy pudessem em breve manter conversações com o presidente russo Vladimir Putin com o objetivo de pôr termo à guerra total da Rússia na Ucrânia, que já vai no quarto ano.
Após a conclusão das reuniões, Trump telefonou a Putin para dar início às conversações a três.
A Euronews procurou junto dos residentes das capitais de ambos os países, perceber qual o sentimento dos moradores em relação a estas conversações.
Volodymr Novytskyy, que vive na capital ucraniana, acredita que seja possível alcançar uma trégua, mas não acredita no fim da guerra. "Mesmo que haja tréguas, o inimigo não vai parar dentro da fronteira que tem atualmente", disse.
"Eu não gostaria de estar no lugar de Zelenskyy", disse Svetlana Gerasimenko, residente em Kiev. "Ele não cederá aos desejos de Putin, mas é difícil pensar como é que a situação se vai desenrolar", diz.
Também os russos, residentes em Moscovo, não se mostraram muito confiantes numa resolução definitiva da guerra.
"Não sei quando, mas (a paz) vai definitivamente acontecer e vamos definitivamente chegar à paz, mas talvez não muito em breve", disse Sergey Kostrov, residente em Moscovo.
Já Denis Yashin, residente em Moscovo, considera que não estando resolvida a questão central de cedência de território, nada mudará. "Penso que esta reunião não se realizará enquanto não chegarem a acordo sobre os aspetos técnicos da troca de territórios. Assim que houver acordo entre as partes, tudo acontecerá muito rapidamente", disse.
O analista político Oleh Saakian afirmou que a reunião decorreu de forma "satisfatória".
"Trump não veio a público dizer que estava a reforçar as sanções contra a Rússia. A tarefa desta reunião era evitar que Trump pressionasse a Ucrânia com as exigências russas. Conseguimos atingir esse objetivo a 100%", disse Saakian.
"Para a Ucrânia, a reunião com Putin é importante para mostrar a Trump se a Rússia está realmente pronta para acabar com a guerra. É importante demonstrar que a Ucrânia fez tudo o que estava ao seu alcance", explicou.
"Não creio que ninguém na Ucrânia tenha a ilusão de que uma reunião com Putin possa trazer a paz de repente", concluiu.
Zelenskyy e os líderes europeus afirmaram que Putin exigiu que a Ucrânia desistisse da região de Donbass, no leste da Ucrânia, onde se registaram alguns dos combates mais intensos desde há mais de uma década, desde a invasão inicial da Rússia em 2014.
A Euronews noticiou anteriormente que a Rússia seria incapaz de tomar Donetsk - que compõe o Donbass juntamente com outra região oriental, Luhansk - a menos que a Ucrânia se retire, de acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra, um grupo de reflexão sediado nos EUA.
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