Pelo menos 15 pessoas morreram após descarrilamento do Elevador da Glória

O elevador da Glória, em Lisboa, descarrilou na tarde de quarta-feira. Desconhece-se o número de pessoas que iam a bordo, mas os dados divulgados pelo INEM em conferência de imprensa davam conta de 15 vítimas mortais e 18 feridos, entre os quais, cinco com maior gravidade, disse um porta-voz do INEM em conferência de imprensa a partir do local do acidente, pelas 20h00. Entretanto, de acordo com uma atualização da Polícia Judiciária, à meia-noite e meia, o número de feridos subiu para 23. Este balanço pode ser atualizado nas próximas horas.
De acordo com o INEM, os feridos graves foram encaminhados para o Hospital de S. José, Santa Maria e S. Francisco Xavier. Já os feridos ligeiros foram também reencaminhados para o Hospital de Cascais e Amadora-Sintra, entre os quais uma criança.
O alerta foi dado pelas 18h08 e os bombeiros acorreram ao local onde efetuaram operações de desencarceramento. "O elétrico descarrilou e foi contra um prédio", disse o comandante dos Bombeiros Sapadores de Lisboa. Foi estabelecido um perímetro de segurança no local.
Este meio de transporte faz a ligação entre a Av. da Liberdade/Restauradores e a Rua de São Pedro de Alcântara (Príncipe Real) e é, atualmente, o ascensor mais movimentado da cidade.
"Nem sabemos se foi problema de manutenção"
Em comunicado, a CARRIS, empresa proprietária do elevador, informou que " foram realizados e respeitados todos os protocolos de manutenção, nomeadamente a manutenção geral, que ocorre a cada quatro anos e que ocorreu em 2022, a reparação intercalar, que é concretizada de dois em dois anos, tendo, neste caso, a última sido realizada em 2024, e têm sido escrupulosamente cumpridos os programas de manutenção mensal, semanal e a inspeção diária", pode ler-se.
Em declarações aos jornalistas, Pedro de Brito Bogas, presidente do Conselho de Administração da Carris, assegurou que também as "inspeções diárias” são cumpridas.
Quando questionado sobre as declarações de Manuel Leal, dirigente sindical da Fectrans e do STRUP, que revelou que os trabalhadores da Carris têm apresentado queixas sobre a necessidade de manutenção dos elevadores, o presidente do Conselho de Administração afastou o tema. “Nem sabemos se foi problema de manutenção, não vou alimentar isso”, disse.
Pedro Bogas também confirmou que a manutenção está a cargo de uma empresa externa há muitos anos. “A Carris preza muito a segurança, tem profissionais excelentes e temos que perceber o que se passou aqui”, rematou.
Foi ainda aberto um inquérito em conjunto com as autoridades para apurar as reais causas do acidente.
Dia de luto nacional
O Governo decretou um dia de luto nacional pela tragédia e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, cancelou a agenda prevista para amanhã, com exceção da videoconferência no encontro de líderes da Coligação de Boa Vontade, sobre a Ucrânia e do Conselho de Ministros.
Luís Montenegro disse ainda que tem acompanhado de perto os trabalhos e as respostas coordenadas de todas as autoridades envolvidas.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também expressou de imediato condolências. Numa publicação do site da República, o presidente "lamenta profundamente o acidente ocorrido esta tarde com o elevador (funicular) da Glória, em Lisboa, em particular as vítimas mortais e os feridos graves, bem como os vários feridos ligeiros. O Presidente da República apresenta o seu pesar e solidariedade às famílias afetadas por esta tragédia e espera que a ocorrência seja rapidamente esclarecida pelas entidades competentes", pode ler-se no comunicado.
Em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, disse que este é um “momento trágico para a cidade” e demonstrou total solidariedade para com os familiares das vítimas.
"Todas as equipas da Proteção Civil, Bombeiros, INEM, estamos todos aqui a tratar das vítimas. Posso confirmar que há vítimas mortais e quero deixar os meus sentimentos. Lisboa está de luto, é um momento trágico para a nossa cidade", disse
"Infelizmente, é gravíssimo. É um acidente que não deveria ter acontecido, mas neste momento, por respeito às pessoas, às suas famílias, não vou divulgar os números", declarou o autarca de Lisboa.
Reações da Europa
Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, também demonstrou solidariedade com as famílias das vítimas.
A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também escolheu a rede social X para expressar solidariedade com as famílias das vítimas.
O Presidente do Conselho Europeu, António Costa, ex-primeiro-ministro e ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, também expressou "profunda consternação" com o acidente em Lisboa. Costa tinha acabado de aterrar em Paris quando soube do trágico acidente.
O Presidente da Ucrânia também deixou uma nota de pesar. Volodymyr Zelenskyy mostrou "profunda tristeza pelo trágico acidente com o Elevador da Glória em Lisboa com mais de uma dúzia de mortos e que deixou mais de 25 pessoas feridas. Em nome do povo ucraniano, expresso as mais sentidas condolências às famílias das vítimas, ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, ao [primeiro-ministro] Luís Montenegro, e desejamos uma rápida recuperação aos feridos. Neste momento de luto, permanecemos em oração e solidariedade com o povo português que chora esta perda", escreveu Zelenskyy.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também expressou "profunda tristeza pelas notícias do descarrilamento do funicular da Glória em Lisboa". Guterres foi primeiro-ministro de Portugal entre 1995 e 2002.
Meio de transporte histórico
O Elevador da Glória é um meio de transporte histórico de Lisboa que circula a uma velocidade muito baixa, subindo e descendo a Calçada da Glória, num percurso curto.
O funicular tem uma capacidade de 40 passageiros e chega a transportar mais de 3 milhões de passageiros todos os anos.
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