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Zelenskyy diz que os EUA "não querem escalar o conflito" e não desfaz dúvidas sobre os Tomahawk

• Oct 17, 2025, 5:03 PM
13 min de lecture
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Depois de duas horas e meia de reunião com Donald Trump na Casa Branca, Zelenskyy parece ter saído de mãos a abanar, pelo menos no que diz respeito aos desejados Tomahawk: o presidente ucraniano não prestou qualquer informação sobre a eventual decisão de os Estados Unidos fornecerem os mísseis de longo alcance a Kiev, revelando apenas que acordou com Trump não falar sobre o assunto - o que parece sugerir que o seu pedido foi descartado na sequência da chamada telefónica do presidente norte-americano com o líder do Kremlin.

Pouco depois de terminar o encontro com Trump na Casa Branca, o presidente ucraniano falou por videoconferência com os líderes europeus para os informar sobre a reunião, revelou numa declaração à imprensa já no exterior da residência do presidente norte-americano.

Participaram na chamada a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, e chefes de Estado e de governo do Reino Unido, Itália, Finlândia, Noruega e Polónia.

Aos jornalistas, Zelenskyy classificou o encontro com Trump como "produtivo e longo", admitindo que ainda há trabalho a fazer e que vão manter-se em contacto para explorar a cooperação em defesa aérea, que pode passar por investimentos conjuntos.

O líder ucraniano explicou então que concordaram não discutir o que foi dito sobre ataques com mísseis de longo alcance "pois os Estados Unidos não querem escalar o conflito".

Zelenskyy reconheceu que a situação é "difícil", mas disse estar confiante na capacidade de Trump pressionar Putin no seu desejo real de pôr fim à guerra, lembrando que a situação no Médio Oriente também era difícil, mas que foi resolvida.

"Nós confiamos nos Estados Unidos. Nós confiamos que o presidente Trump quer terminar esta guerra", disse Zelenskyy.

O chefe de Estado ucraniano acrescentou também que falou sobre garantias bilaterais de segurança com o homólogo norte-americano, afirmando que a Ucrânia "quer que os Estados Unidos sejam parte da segurança".

As delegações ucraniana e norte-americana reunidas na Casa Branca.
As delegações ucraniana e norte-americana reunidas na Casa Branca. Alex Brandon/Copyright 2025 The AP. All rights reserved

Apesar de não ter falado aos jornalistas depois do encontro, como fez Volodymyr Zelenskyy, Donald Trump relatou na sua plataforma Truth Social os detalhes da reunião “muito interessante” e “cordial” com o presidente da Ucrânia.

Trump disse ter transmitido a Zelenskyy a mesma mensagem que passou para Vladimir Putin durante a chamada que tiveram durante a tarde de quinta-feira: "Está na hora de acabar com a matança, e de fazer um ACORDO!".

Para o presidente dos Estados Unidos, "a guerra na Ucrânia deve terminar agora, de acordo com as suas linhas atuais, permitindo que ambos os lados reivindiquem a vitória".

"Já foi derramado sangue suficiente, com as fronteiras territoriais a serem definidas pela guerra e pela coragem. Devem parar por aí. Deixem ambos reivindicar a vitória, deixem a história decidir!”, escreveu o chefe de Estado norte-americano.

Por fim, Trump denunciou ainda as "milhares de mortes" que ocorrem semanalmente, mas também as "vastas e insustentáveis quantias de dinheiro gastas" para sustentar este conflito. “BASTA, VÃO PARA CASA, PARA AS VOSSAS FAMÍLIAS, EM PAZ!”, exortou.

Terceira reunião em nove meses

Volodymyr Zelensky foi recebido por Donald Trump esta sexta-feira na Casa Branca. Esta é a terceira vez em apenas nove meses de mandato que o presidente dos Estados Unidos recebe o seu homólogo ucraniano na residência presidencial.

“Vamos falar sobre o que aconteceu na minha chamada de ontem com Vladimir Putin, mas acho que as coisas estão a correr bem”, declarou Trump aos jornalistas à entrada, apontando que o caminho positivo começou com a cimeira no Alasca com o homólogo russo.

Questionado sobre se achava que conseguia “convencer” Putin, a terminar com a guerra, o presidente norte-americano acenou afirmativamente e respondeu com um breve “sim”.

Em resposta aos jornalistas, minutos antes do início da reunião, Donald Trump confirmou que um dos temas em debate seria a eventual utilização de armamento americano em ataques diretos à Rússia. E reconheceu, além do mais, que esse passo poderia ser encarado como uma "escalada" no conflito.

Trump foi questionado sobre a possibilidade de fornecer os seus Tomahawk, mísseis de cruzeiro de longo alcance, a Kiev. Apontou imediatamente que preferia não ter de fazê-lo, parecendo sugerir que a disponibilização dos mesmos poderá estar fora de questão, notando ainda que esse seria um tema a discutir na reunião.

"Uma das razões pelas quais queremos acabar com esta guerra é que não é fácil para nós fornecer-vos um grande número de armas muito poderosas. Esperemos que não precisem delas. Esperemos que possamos acabar com a guerra sem pensar em Tomahawks".

Já sobre o encontro presencial com Vladimir Putin que tem já em vista, a decorrer na Hungria, explicou que a escolha do local foi motivada pelo facto de se tratar de um "país seguro" que "não tem os problemas que outros países têm". Detalhou ainda que, "provavelmente, será uma reunião bilateral" entre ele e Putin, sem a presença do presidente ucraniano, mas com Zelenskyy sempre em contacto, o que poderá acontecer por via de uma reunião separada. "Estes dois líderes não gostam um do outro", notou ainda o líder norte-americano, que disse até que existe "rancor" entre as duas partes.

Dizendo acreditar que Putin "quer acabar com a guerra", com quem adiantou ter tido uma conversa "muito boa" na quinta-feira, Trump disse ainda que "as coisas estão a correr muito bem" no âmbito do processo negocial. E assumiu o compromisso, tal como várias vezes no passado, de terminar o conflito Rússia-Ucrânia, no qual já "tantas pessoas morreram". E acrescentou: "Adoro resolver guerras".

Trump cumprimenta Zelenskyy à chegada à Casa Branca esta sexta-feira
Trump cumprimenta Zelenskyy à chegada à Casa Branca esta sexta-feira Alex Brandon/Copyright 2025 The AP. All rights reserved

Já Volodymyr Zelenskyy congratulou o homólogo americano "pelo cessar-fogo bem-sucedido no Médio Oriente", tendo considerado que este é, também, "o momento de acabar com a guerra da Rússia contra a Ucrânia".

Ao contrário do que afirmou Trump, o dirigente ucraniano afirmou que "Putin não está pronto" a fazê-lo, mas acrescentou estar "confiante de que, com a sua ajuda [de Trump], será possível parar esta guerra".

Volodymyr Zelenskyy detalhou ainda que, no âmbito desta sua visita aos Estados Unidos, teve já a oportunidade de se reunir com empresas energéticas americanas, que se mostraram "prontas a ajudar", numa altura em que as infraestruturas do país continuam a ser alvo de ataques russos em larga escala. Mas também com entidades do setor militar, que indicaram igualmente estar prontas a apoiar os esforços de defesa de Kiev.

No que diz respeito às concessões que a Ucrânia estará disposta a fazer para alcançar a paz, Zelenskyy fez questão de referir que "a NATO é muito importante para os ucranianos", tendo acrescentado: "Claro que é nossa decisão, decisão dos aliados, decidir onde estamos, mas o mais importante, para as pessoas na Ucrânia, que estão sob ataques diários, é ter garantias de segurança realmente fortes".

Já sobre a recusa de Trump em fornecer Tomahawks ao seu país, disse que a Ucrânia tem drones para fornecer aos Estados Unidos em troca dos mísseis que Kiev deseja. Os dois presidentes, no entanto, reconheceram que poderia haver um acordo que fosse benéfico tanto para os EUA como para a Ucrânia.

"Estamos interessados nos drones ucranianos. Fabricamos os nossos próprios drones, mas também compramos drones de outros fabricantes. E eles fabricam drones muito bons", afirmou o presidente dos EUA.

O que está em causa?

Em cima da mesa nestas conversações está a negociação do sistema de mísseis Tomahawk que os ucranianos dizem precisar desesperadamente. No entanto, o presidente norte-americano já deu sinais de que pode não estar pronto para vender a Kiev os mísseis de longo alcance que permitiriam às forças ucranianas atacar locais estratégicos na Rússia.

A conversa cara-a-cara de Zelenskyy com o presidente dos EUA surge um dia depois de Trump e o presidente russo Vladimir Putin terem conversado numa "longa e produtiva" chamada telefónica sobre o conflito, culminando no anúncio de que se encontrariam na Hungria.

Nos últimos dias, Trump mostrou abertura para vender mísseis Tomahawk à Ucrânia, apesar de Putin ter advertido que tal ação deterioraria ainda mais a relação entre os EUA e a Rússia.

Mas após a chamada de quinta-feira com Putin, Trump pareceu minimizar as perspetivas da Ucrânia obter os mísseis, que têm um alcance de cerca de 1.600 quilómetros.

"Nós também precisamos dos Tomahawks", afirmou Trump. "Temos muitos deles, mas precisamos deles. Quero dizer que não podemos esgotar os recursos do nosso país."