Borrel critica entraves à entrada de ajuda humanitária em Rafah e reforça apelos para cessar-fogo
Josep Borrel esteve hoje no lado egípcio de Rafah, onde testemunhou as dificuldades para a passagem dos camiões com ajuda humanitária para o outro lado da fronteira.
“Hoje, 1400 camiões estão à espera para entrar. Num bom dia, talvez cheguem 50. No tempo de Ramallah, eram 600 por dia. Esta é uma gota no oceano de necessidades do outro lado”, afirmou o chefe da política externa da União Europeia.
Apesar de elogiar a atuação das organizações no local e da União Europeia, Borrell voltou a criticar a dimensão do conflito, que apelidou de uma “tragédia provocada pelo homem”.
“Mas o que está a acontecer do outro lado deste muro não é uma crise criada pela natureza. Não é uma inundação. Não é um terramoto. Não é uma daquelas crises que a natureza cria de vez em quando, e não podemos impedir ou evitar. É uma crise provocada pelo homem. Uma tragédia provocada pelo homem”, afirmou.
“Sim, começou com um ataque terrorista do Hamas, há quase um ano. E foi um horror que condenámos nos termos mais fortes possíveis. Continuamos a condená-lo. Mas um horror não pode justificar outro horror”, reforçou.
Josep Borrel também reforçou os apelos para um um cessar-fogo e a necessidade de uma solução política para o conflito.
“A União Europeia continuará a apoiar os palestinianos, mas, sabendo, ao mesmo tempo, que temos de procurar uma solução política. Porque alimentar alguém com um jantar hoje à noite, a fim de ser morto amanhã, não é exatamente a solução”, afirmou.
Josep Borrell viajou até ao Egito para discutir crise humanitária em Gaza
O chefe da política externa da União Europeia, Josep Borrell, chegou ao Egito esta segunda-feira para conversações com o Presidente, Abdel Fattah El-Sisi, sobre a forma de resolver a crise humanitária em Gaza.
O Serviço Europeu para a Ação Externa (SEAE) referiu que a visita de Josep Borrell tem lugar “no contexto da guerra em Gaza, onde a situação humanitária catastrófica e o destino dos reféns tornam cada vez mais necessário um cessar-fogo urgente”.
Gaza está à beira da fome e do colapso dos cuidados de saúde devido aos repetidos ataques israelitas que dizimaram a região em retaliação aos ataques terroristas do Hamas e à tomada de reféns em Israel em 7 de outubro do ano passado.
Após o encontro com o Presidente do Egito, Borrell deslocou-se ao lado egípcio da passagem de Rafah, que faz a ligação com Gaza, onde reuniu com as agências da ONU no terreno.
Borrell irá discutir os esforços de mediação empreendidos pelo Egito, pelos EUA e pelo Qatar, bem como o papel da UE na redução do sofrimento humano na Faixa de Gaza.
Na quarta-feira Borrell desloca-se até ao Líbano para discutir a estabilidade do país e o seu papel regional no conflito mais alargado, segundo explicou o SEAE.
“A missão faz parte da ação regional contínua da UE para evitar uma nova escalada”, acrescentou a agência.
Borrell mostrou intenção de visitar Israel
O chefe da diplomacia europeia explorou a possibilidade de incluir Israel e a Cisjordânia no contexto da sua atual viagem ao Médio Oriente. Numa carta dirigida ao Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, Josep Borrell explicou que tencionava visitar o país nos 14 e 14 de setembro.
Em resposta, o ministério terá informado que não teria disponibilidade durante os dias solicitados, adiando uma eventual viagem para outubro, altura em que Borrell termina o seu mandato na Comissão Europeia.
A visita de Borrell ao Egito acontece numa altura de grande tensão, depois de um camionista jordano ter morto a tiro três israelitas no ponto de passagem da ponte Allenby, entre a Jordânia e a Cisjordânia, no domingo.
A viagem ao Egito segue-se também aos apelos do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na semana passada, para que as forças israelitas permaneçam no corredor de Salah Al Din, em Gaza, perto da fronteira egípcia. O estatuto daquela área constituiria uma parte significativa de qualquer acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas.
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