500 mil euros em 48 horas: iniciativa financia mísseis de cruzeiro Flamingo para a Ucrânia

"Presentes para Putin" é o nome de uma iniciativa checa de angariação de fundos, que tem vindo a recolher dinheiro para ajudar a Ucrânia na sua luta contra a invasão russa.

A organização lançou várias campanhas, incluindo iniciativas para angariar fundos para a compra de munições e drones, formação de futuros pilotos militares, preservação do património cultural, fornecimento de ambulâncias de evacuação e, mais recentemente, uma angariação de fundos para financiar um míssil de cruzeiro Flamingo fabricado na Ucrânia.

Em 48 horas, a campanha arrecadou mais de meio milhão de euros, escreveu a organização no X, acrescentando que o míssil seria chamado de DANA 1, em memória de uma cofundadora da organização e física nuclear checa, Dana Drábová, que faleceu recentemente.

O míssil FP-5 Flamingo é capaz de percorrer 3.000 km e transportar uma carga útil de 1.150 kg, de acordo com o seu fabricante, a startup ucraniana de defesa Fire Point.

O míssil, que utiliza um motor a jato, pode viajar a uma velocidade de 900 km/h, escreveu a organização na página da sua campanha, acrescentando que "o míssil é supostamente resistente à guerra eletrónica e utiliza sistemas GPS especiais anti-interferência".

"O combate aéreo é a nossa única vantagem assimétrica real no campo de batalha neste momento. Não temos tanta mão-de-obra nem dinheiro como eles", afirmou Iryna Terekh, diretora de produção da Fire Point.

Depois do míssil ser comprado ao fabricante, será entregue ao exército ucraniano. "Eles decidirão a data em que será utilizado e determinarão o seu alvo", afirmaram os organizadores da campanha.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, disse aos jornalistas, em agosto, que o míssil Flamingo é um dos "mísseis mais bem-sucedidos" da Ucrânia e que em breve o país terá mais dos mesmos. "E até ao final de dezembro ou em janeiro-fevereiro, a produção em massa deverá começar."

De acordo com autoridades ucranianas, o Flamingo já foi utilizado, causando explosões numa base dos serviços secretos russos na península da Crimeia ocupada.

Após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, o governo ucraniano promoveu a inovação e flexibilizou as regulamentações para permitir que startups colaborassem diretamente com as forças armadas. Como resultado, surgiram centenas de novas iniciativas e empresas de defesa.

Empresas de setores como a metalurgia, a construção e as tecnologias da informação começaram a produzir armas, munições e drones. A guerra proporcionou-lhes a oportunidade para testarem os seus desenvolvimentos em condições de combate e adaptarem-se rapidamente às táticas em evolução da Rússia.