Violência em Moçambique fez pelo menos 30 mortos em três semanas de confrontos
Têm sido longas semanas de caos e violência em Moçambique. Desde a realização das eleições presidenciais de 9 de outubro e após o anúncio de Daniel Chapo, apoiado pelo partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), como vencedor, os confrontos entre manifestantes e polícia têm marcado os dias da população.
O candidato da oposição, Venâncio Mondlane, que terá ficado em segundo lugar no sufrágio incitou aos protestos, intensificados pela morte a a tiro de dois membros da sua campanha.
Só na quinta-feira, dia em que se registou a maior manifestação desde as eleições, pelo menos três pessoas foram mortas e 66 ficaram feridas durante confrontos entre manifestantes e a polícia, de acordo com o Hospital Central de Maputo (HCM), a maior unidade do país. Foi o oitavo dia das greves convocadas por Mondlane.
Milhares de manifestantes atearam fogo e cortaram estradas na capital, Maputo, com a polícia responder com gás lacrimogéneo e balas de borracha.
A Human Rights Watch (HRW) disse esta sexta-feira que pelo menos 30 pessoas foram mortas em Moçambique, em quase três semanas de repressão dos protestos contra uma eleição presidencial contestada.
“Pelo menos 30 pessoas foram mortas entre 19 de outubro e 6 de novembro, inclusive, em todo o país”, disse fonte da HRW à AFP.
Para responder à onda de violência gerada, principalmente na capital Maputo, o governo enviou soldados para as ruas para ajudar a manter a ordem.
O porta-voz das forças armadas moçambicanas, general Omar Saranga, fez o anúncio numa conferência de imprensa realizada na noite de quinta-feira, dizendo que o exército iria apoiar a polícia na manutenção da ordem.
O país de 34 milhões de habitantes na África Austral está no limite, com o palácio presidencial sob forte vigilância e as forças de segurança a patrulharem constantemente as ruas. Muitas pessoas estão a fechar-se em casa.
“Em momentos como este, com manifestações a ocorrerem em algumas regiões, o nosso papel estende-se também ao apoio às forças de segurança na manutenção da ordem pública e da paz”, disse Saranga.
Mondlane promete protestos até reposição da "verdade eleitoral"
Venâncio Mondlane prometeu protestos nas ruas até que a seja resposta aquilo que apelida de "verdade eleitoral".
“Se não houver reposição da verdade eleitoral, estas manifestações não vão parar. Vamos ocupar a cidade de Maputo até se devolver a vontade do povo. Caso contrário, a cidade de Maputo vai ficar ocupada de uma forma indefinida. Sem prazo. Até à devolução dos resultados eleitorais. É isso que queremos”, afirmou num vídeo publicado nas redes sociais, sem revelar em que local se encontra.
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