Ciclone pode ter feito milhares de mortos em Mayotte
O ministro francês do Interior, Bruno Retailleau, já está em Mamoudzou, capital do território ultramarino francês de Mayotte, ao largo de Moçambique, depois de a ilha ter sido devastada pela pior tempestade em quase um século.
O ministro garantiu às equipas de resgate que todos os meios seriam mobilizados para ajudar as pessoas, incluindo navios e aviões militares: “O problema é que se estes esforços forem dispersos e se não houver uma logística de coordenação extremamente robusta, serão em vão", disse o ministro. "É essa a tarefa do prefeito e das suas equipas e de cada um de vós, e conto convosco. É uma tarefa difícil. Haverá desânimo porque haverá muito cansaço”.
Os mais recentes números oficiais dão conta de 14 mortos, mas as autoridades de Mayotte temem que centenas e possivelmente milhares de pessoas tenham morrido nna sequência do ciclone Chido.
Bairros inteiros foram arrasados e infraestruturas públicas como o aeroporto principal e o hospital foram gravemente danificadas, o que complica ainda mais a resposta. Os danos na torre de controlo fazem com que só os voos militares possam aterrar no aeroporto, estando este fechado aos voos civis. Algumas zonas da ilha estão completamente isoladas, sem acesso possível, o que está a impedir as equipas de socorro de levar comida e outros bens indispensáveis à sobrevivência.
Território mais pobre da UE
Grandes zonas residenciais de Mayotte são compostas por barracas de metal e outras habitações frágeis e foram completamente arrasadas pelas intempéries. A eletricidade e as comunicações foram cortadas em grandes partes da ilha, que está também a sofrer com a escassez de água potável.
Mayotte é o território mais pobre da União Europeia, com cerca de 300 mil pessoas. Uma grande parte da população é composta por migrantes vindos de países vizinhos como as Comores ou Moçambique, o que torna ainda mais difícil a contagem dos mortos e desaparecidos.
Nos próximos dias, deverão chegar ao território cerca de 800 pessoas para as operações de ajuda e resgate.
O ciclone, com ventos de mais de 220 km/h, está classificado como grau 4, o segundo mais forte na escala dos ciclones. Foi o mais grave a atingir Mayotte desde os anos 1930.
Depois de Mayotte, o ciclone chegou a Moçambique no domingo. Há pelo menos três mortos a lamentar, todos na província de Nampula, mas esse pode ser um balanço ainda muito preliminar. O governo moçambicano estima que os danos possam ter afetado dois milhões de pessoas.
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