Suspeito de matar físico do MIT e estudantes na Universidade de Brown é português
O suspeito do ataque a tiro na Universidade de Brown nos Estados Unidos, na semana passada, foi encontrado morto na noite de quinta-feira. O homem, de nacionalidade portuguesa, que foi encontrado junto a um armazém em Salem, no estado de New Hampshire, com um ferimento de bala auto-infligido, será também o presumível autor do assassinato do físico português, Nuno Loureiro, professor no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
A informação foi inicialmente avançada por Oscar Perez, chefe da polícia de Providence, numa conferência de imprensa. Perez confirmou que os indícios apontam para que o suspeito tenha agido sozinho.
Trata-se de Cláudio Neves Valente, um cidadão natural de Torres Novas, que estudou na Universidade de Brown entre o outono de 2000 e a primavera de 2001. Frequentou o curso de física, de acordo com a presidente da instituição, Christina Paxson. No entanto, acabou por abandonar os estudos em 2003.
Um homem com o mesmo nome também foi afastado de um cargo de monitor no Instituto Superior Técnico, em Portugal, em 2000, segundo os registos da instituição. As autoridades acreditam que seja a mesma pessoa.
"Analisámos os registos financeiros, analisámos as imagens de vídeo e, neste incidente específico, foi um vídeo que nos forneceu a descrição de um veículo. Isso foi corroborado por uma denúncia recebida através do centro de denúncias", disse Perez.
Duas pessoas morreram e nove ficaram feridas no tiroteio em massa ocorrido na semana passada durante os exames finais na Universidade de Brown, em Rhode Island. A polícia deteve uma pessoa suspeita, que foi posteriormente libertada por falta de provas.
"Ainda há muitas incógnitas em relação ao motivo", declarou o procurador-geral de Rhode Island, Peter Neronha. “Não sabemos porquê agora, porquê [Universidade de] Brown, porquê esses estudantes e porquê essa sala de aula”, afirmou.
Carro e imagens de videovigilância ligam os dois casos
Além do tiroteiro, as autoridades confirmaram que o mesmo homem é também suspeito do homicídio de Nuno Loureiro, professor do MIT, que foi mortalmente baleado na sua casa em Brookline, nos arredores de Boston, na segunda-feira.
Leah Foley, procuradora federal do Distrito de Massachusetts, confirmou numa conferência de imprensa na quinta-feira a ligação entre os dois crimes, descrevendo a cronologia de eventos que levou as autoridades policiais ao armazém em New Hampshire.
De acordo com a procuradora, as imagens de segurança do complexo de apartamentos onde o professor do MIT foi morto na segunda-feira ligaram o suspeito o tiroteio na Universidade de Brown ao crime. Cláudio Neves Valente terá alugado um veículo em Boston, viajando depois até à Universidade de Brown em Rhode Island, depois, novamente até Boston, explicou a procuradora, que descreveu as imagens de vídeo que o ligavam ao homicídio.
"E depois havia as imagens de segurança que o apanharam a menos de um quilómetro da residência do professor em Brookline", afirmou. O homicídio de Nuno Loureiro contínua a ser investigado.
Ligação entre os dois portugueses
Cláudio Neves Valente e Loureiro frequentaram o mesmo programa académico numa universidade em Portugal entre 1995 e 2000. De acordo com a sua página no corpo docente do MIT, Loureiro formou-se no programa de Física do Instituto Superior Técnico, a principal escola de engenharia de Portugal, em 2000. No mesmo ano, Neves Valente foi demitido de um cargo na Universidade de Lisboa, segundo um despacho publicado em Diário da República que contém uma notificação de demissão assinada pelo então presidente da instituição em fevereiro de 2000.
"Por despacho do presidente do Instituto Superior Técnico, proferido por delegação, de 16 de Fevereiro de 2000: Cláudio Manuel Neves Valente - rescindido o contrato administrativo de provimento, na categoria de monitor deste Instituto, a partir de 29 de Fevereiro de 2000", lê-se no documento.
O Instituto Superior Técnico vei agora confirmar que Cláudio Valente estudou nesta instituição no mesmo período que Nuno Loureiro.
“Sobre Cláudio Manuel Neves Valente, apenas conseguimos confirmar que foi estudante do Técnico, do curso de licenciatura em Engenharia Física Tecnológica, entre 1995 e 2000. Nuno Loureiro fez o curso no mesmo período”, refere o Técnico em comunicado enviado às redações.
O suspeito português tinha chegado à Brown com um visto de estudante. Acabou por obter o estatuto de residente permanente legal em setembro de 2017, declarou Foley. Não ficou imediatamente claro onde esteve entre 2001 e a obtenção do visto, em 2017. A sua última residência conhecida foi em Miami.
Segundo a procuradora federal Leah B. Foley, o homem não tinha qualquer registo criminal no país.
Após a revelação da identidade do suspeito pelas autoridades, o presidente norte-americano Donald Trump suspendeu o programa de lotaria de green cards, que permitiu a Neves Valente permanecer nos Estados Unidos.
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