Seis pessoas detidas na Roménia por alegada "traição" a favor da Rússia

As autoridades romenas detiveram seis pessoas numa série de rusgas esta quinta-feira por suspeita de traição, uma acusação sem precedentes na investigação mais vasta relacionada com a expulsão do adido militar russo e do seu adjunto na quarta-feira.
O serviço nacional de informações da Roménia, SRI, declarou em comunicado que, numa ação conjunta de vários serviços de segurança nacionais, a direção do crime organizado e do terrorismo (DIICOT) deteve um grupo de cidadãos romenos que organizaram um grupo paramilitar em 2023 e "conduziram atividades contra a ordem constitucional da Roménia".
Os seis são também suspeitos de "ações subversivas de instigação para influenciar a vida social e política do país", refere o comunicado.
No mesmo comunicado, o SRI revela que o grupo "solicitou ativamente o apoio de funcionários da embaixada da Federação Russa" em Bucareste.
"No âmbito das mesmas ações, sob proposta da Direção romena de Informação de Defesa e do SRI, dois diplomatas da embaixada russa em Bucareste foram declarados personae non gratae pelo Ministério romeno dos Negócios Estrangeiros".
"Os dois diplomatas russos efetuaram a recolha de informações em zonas estratégicas e realizaram actividades de apoio às ações anticonstitucionais do grupo", conclui o comunicado.
Fontes próximas da investigação, citadas pela Euronews Roménia, afirmaram que os objetivos do grupo eram o derrube das instituições romenas, o encerramento dos partidos políticos e a saída da Roménia da NATO.
Os membros do grupo também visitaram Moscovo e mantiveram contactos repetidos com agentes estrangeiros, tanto na Roménia como na Rússia, segundo as fontes.
Adido militar, aeronáutico e naval expulso
Na quarta-feira, as autoridades romenas emitiram uma ordem de expulsão do adido militar, aéreo e naval russo Victor Makovskiy e do seu adjunto Evgeny Ignatiev.
Fontes que falaram sob condição de anonimato disseram à Euronews Roménia que Makovskiy e Ignatiev estão ligados ao político ultranacionalista e candidato às eleições presidenciais de 2024, Călin Georgescu, e à sua campanha.
Georgescu, apelidado de "Messias do TikTok", ficou em primeiro lugar na primeira volta das eleições presidenciais da Roménia em dezembro, que o tribunal constitucional do país anulou após a desclassificação de relatórios dos serviços secretos que mostravam o envolvimento russo em influenciar os eleitores através das redes sociais para apoiarem o então relativamente desconhecido candidato.
Georgescu é alvo de um processo penal que inclui atos anticonstitucionais e declarações incorretas sobre as finanças da sua campanha.
As acusações também giram em torno do seu apoio a simpatizantes da Guarda de Ferro, um movimento e partido político fascista e antissemita anterior à Segunda Guerra Mundial, o que é ilegal ao abrigo da lei romena.
O Kremlin declarou na quarta-feira que irá emitir "uma resposta adequada" à expulsão de Makovskiy e Ignatiev, informou a agência estatal russa Tass, citando um funcionário do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros.
"O lado russo considera esta medida injustificada e hostil e reserva-se o direito de tomar medidas de retaliação", disse à Tass a encarregada de negócios da Rússia na Roménia, Yelena Kopnina.
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