Síria quer a Rússia "ao nosso lado", diz ministro dos Negócios Estrangeiros sírio em Moscovo

O chefe da diplomacia sírio disse que Damasco quer Moscovo "ao nosso lado" na primeira visita à Rússia de um membro do novo governo desde que o antigo presidente sírio Bashar al-Assad foi deposto numa ofensiva rebelde no final do ano passado.
O presidente russo, Vladimir Putin, recebeu o ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Asaad al-Shibani, no Kremlin, na quinta-feira, de acordo com a agência noticiosa síria SANA, um encontro que sublinhou o desejo do Kremlin de estabelecer laços de trabalho com a nova liderança do país.
Antes das conversações com Putin, al-Shibani encontrou-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, que sublinhou que as autoridades russas "desejam sinceramente que o povo sírio, com quem temos uma amizade de longa data, ultrapasse todos os desafios existentes e normalize completamente a situação".
"O período atual está repleto de vários desafios e ameaças, mas é também uma oportunidade para construir uma Síria unida e forte", afirmou Al-Shibani.
Al-Assad era um aliado da Rússia e a intervenção de terra queimada de Moscovo em seu apoio, há uma década, mudou o rumo da guerra civil síria e manteve Al-Assad no seu lugar até à sua rápida morte em dezembro.
A Rússia, que se concentrou nos combates na Ucrânia e manteve apenas um pequeno contingente militar na Síria, não tentou contrariar a ofensiva dos rebeldes, mas abrigou al-Assad depois de este ter fugido do país.
Sem nomear al-Assad, al-Shibani apelou à Rússia para apoiar o processo de "justiça de transição" do país e disse que a Síria formou um comité para rever os acordos anteriores com a Rússia.
Apesar de terem estado em lados opostos das linhas de batalha durante a guerra civil, os novos governantes de Damasco, liderados pelo residente interino Ahmed al-Shara, adoptaram uma abordagem pragmática das relações com Moscovo.
Uma delegação russa visitou Damasco em janeiro e, no mês seguinte, Putin teve uma conversa com al-Shara que o Kremlin descreveu como "construtiva e profissional".
A Rússia manteve a presença nas suas bases aéreas e navais na costa síria e o Kremlin manifestou a esperança de negociar um acordo para manter os postos avançados.
Moscovo também terá enviado carregamentos de petróleo para a Síria.
O ministro da Defesa da Síria, Murhaf Abu Qasra, acompanhou al-Shibani na sua visita a Moscovo e encontrou-se com o seu homólogo russo Andrei Belousov.
Os dois discutiram "a cooperação entre os ministérios da defesa e a situação no Médio Oriente", segundo o Ministério da Defesa russo.
Em declarações aos jornalistas após as conversações de quinta-feira, Lavrov agradeceu aos "colegas sírios pelas medidas que estão a tomar para garantir a segurança dos cidadãos russos e das instalações russas" na Síria.
"Reafirmámos o nosso apoio à preservação da unidade, integridade territorial e independência da República Árabe da Síria e estamos prontos a prestar ao povo sírio toda a assistência possível na reconstrução pós-conflito. Acordámos em prosseguir o nosso diálogo sobre estas questões", declarou Lavrov.
Al-Sharaa agradeceu à Rússia a sua "posição forte de rejeição dos ataques israelitas e das repetidas violações da soberania síria", depois de Israel ter intervindo nos confrontos entre as forças governamentais sírias e os grupos armados da minoria drusa no início do mês.
Al-Shibani criticou na quinta-feira a "interferência de Israel nos assuntos internos" e disse que isso complica os esforços para resolver os conflitos entre as diferentes comunidades na Síria.
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