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Itália: partido denuncia governo ao TPI por cumplicidade no genocídio de Israel em Gaza

• Aug 7, 2025, 9:59 AM
6 min de lecture
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Uma queixa formal ao Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia por "cumplicidade nos crimes internacionais cometidos em Gaza": esta foi a iniciativa anunciada, na tarde de quarta-feira, na Câmara dos Deputados de Itália, por Angelo Bonelli e Nicola Fratoianni, líderes da Aliança Verde-Esquerda (Avs), que acusam o governo italiano de manter uma atitude passiva e de continuar a apoiar a cooperação militar com Israel, apesar do conflito em curso.

"Genocídio" e "cumplicidade"

"Nós, no Avs, não perdemos de vista o verdadeiro cerne da questão: o massacre de vidas em Gaza. A limpeza étnica em Gaza. A catástrofe humanitária. O que para nós é um genocídio", afirmou Bonelli.

De acordo com o porta-voz do Europa Verde, Itália - enquanto signatária do Estatuto de Roma - tem responsabilidades específicas: "Itália é membro do Tribunal Penal Internacional e esse estatuto prevê, no artigo 25.º, n.º 3, alínea c), que quando se está perante um crime, neste caso uma violência sofrida sistematicamente através da utilização massiva de armas e da fome como instrumento de aniquilação, existe cumplicidade. Decidimos denunciar o governo italiano ao TPI pela sua responsabilidade."

"Não se trata apenas de uma questão política", acrescentou, "o acordo de cooperação militar torna o sistema de guerra israelita mais eficaz. Com esta iniciativa, queremos levar o governo a fazer o que não fez até agora: romper o acordo militar, dizer sim às sanções, e que se faça justiça em relação à grande maioria dos italianos que vêem um governo que não faz o que deve".

"Genocídio em direto"

"A razão fundamental da nossa iniciativa é colocar o direito internacional novamente no centro das atenções", disse Fratoianni. "O que está a acontecer neste momento, o mais terrível genocídio dos últimos anos, um genocídio transmitido em direto na televisão e nas redes sociais, que está a ser levado a cabo hora após hora e que representa a maior violação sistemática e contínua do direito internacional", acrescentou o secretário nacional da Esquerda Italiana.

A pressão da esquerda europeia sobre Bruxelas

A iniciativa do Avs surge num contexto de crescente pressão por parte dos grupos progressistas, também a nível europeu. Numa carta dirigida aos dirigentes da UE, os três principais grupos da esquerda europeia - Socialistas (S&D), os Verdes e A Esquerda - apelam a medidas concretas contra Israel e a uma mudança de rumo por parte da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, acusados de inação.

"Está a ocorrer um genocídio em Gaza e, até agora, a Comissão e o Conselho Europeu não reagiram com a urgência e a determinação que os nossos tratados, os nossos valores e as nossas responsabilidades exigem", lê-se na missiva assinada por Iratxe Garcia Perez, Terry Reintke, Bas Eickhout, Manon Aubry e Martin Schirdewan.

Os 235 eurodeputados signatários exigem, entre outras medidas: a suspensão do Acordo de Associação UE-Israel, um embargo de armas, novas sanções contra os colonos da Cisjordânia e a proibição da importação de produtos provenientes de colonatos ilegais. "Não podemos permitir mais derramamento de sangue. A História não perdoará o silêncio perante o sofrimento em massa e a impunidade. A UE deve assumir as suas responsabilidades e atuar agora", afirmam os signatários.

A posição do governo italiano

O governo italiano, pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, tem rejeitado até agora a utilização do termo "genocídio" para descrever o que está a acontecer em Gaza. "Estão a acontecer coisas inaceitáveis em Gaza, mas juridicamente não se trata de genocídio. Genocídio é uma decisão premeditada de exterminar um povo. Isso é genocídio. Estão a fazer coisas inaceitáveis em Gaza, mas não é um genocídio. Isso é o que Hitler fez contra os judeus, que decidiu exterminar os judeus. Aqui há uma guerra em curso e, na minha opinião, a população civil, que não tem nada a ver com o Hamas, está a ser atingida para além de todos os limites", considerou Tajani, respondendo também a um manifestante que o acusou de cumplicidade.

No período de perguntas na Câmara dos Deputados, o ministro das Relações com o Parlamento, Luca Ciriani, reiterou a linha de prudência do governo, mesmo em relação ao reconhecimento do Estado da Palestina, ao contrário da França, do Reino Unido e do Canadá. Em sinal de protesto, os deputados do Movimento 5 Estrelas vestiram casacos e t-shirts verdes, brancos, vermelhos e pretos no hemiciclo, através dos quais representavam a bandeira da Palestina.

O dossiê Gaza em discussão na UE

O tema também será central na próxima reunião do Conselho dos Negócios Estrangeiros, prevista para o final de agosto, na Dinamarca. Entretanto, alguns países membros já estão a agir de forma autónoma: a Eslovénia impôs um embargo às armas destinadas a Israel e bloqueou a importação de produtos provenientes dos colonatos ilegais na Cisjordânia.