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Caça aos microplásticos: Cientistas franceses lançam o alerta sobre a poluição por plásticos

• Aug 13, 2025, 1:00 PM
4 min de lecture

O Mediterrâneo é a sexta maior zona de acumulação de lixo marinho. Detém apenas 1% das águas do mundo, mas concentra 7% de todos os microplásticos globais. É por isso que os cientistas franceses da Exploration Bleue se deslocaram à costa de Toulon para estudar o impacto da poluição por microplásticos no Mar Mediterrâneo. 

As suas expedições são dirigidas pelo veleiro de 27 metros da ONG Expédition 7ᵉ Continent

"O Mediterrâneo é um mar fechado com uma população densa. Toda a atividade humana acaba no mar. Estudamos os poluentes químicos transportados pelos plásticos. O que já sabemos é que todos eles contêm poluição química", explica Alexandra Ter-Halle, diretora de investigação do Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS) e coordenadora científica da expedição. 

A investigação envolve o arrasto de duas redes durante uma hora para recolher amostras de microplástico. Estas serão depois selecionadas nos laboratórios que participam no projeto. Há anos que Alexandra estuda a natureza química dos poluentes associados aos plásticos na Universidade de Toulouse. 

"Medimos e pesamos os microplásticos, analisamos a sua composição. Sabemos que mais de 16.000 substâncias químicas são utilizadas para fabricar plásticos — 4.000 delas já estão classificadas como perigosas". 

Quando os animais marinhos são expostos a microplásticos, as substâncias químicas podem ser transferidas para os seus corpos. Uma vez que muitos destes produtos são desreguladores endócrinos, têm impacto na saúde dos animais. Os efeitos nos seres humanos ainda não são totalmente conhecidos, como explica Alexandra: 

"Sabemos que os desreguladores endócrinos afetam todo o sistema hormonal do nosso corpo. Têm impacto na fertilidade e no desenvolvimento do cancro, mas ainda temos muitas dúvidas sobre esta poluição plástica". 

A ciência está apenas a começar a compreender o perigo que os microplásticos podem representar para os ecossistemas e para a saúde humana. Comemo-los, respiramo-los e bebemo-los, mas ainda há muito que não sabemos. No caso dos micro e nanoplásticos, que são frequentemente mais pequenos do que um milésimo de milímetro, faltam-nos instrumentos precisos para os medir ou compreender plenamente os seus efeitos, dizem os cientistas. 

O Plano de Ação Poluição Zero da Comissão Europeia visa reduzir os microplásticos em 30% até 2030. Jean-François Ghiglione, microbiologista marinho e diretor de investigação do CNRS, liderou uma campanha de amostragem sem precedentes em nove grandes rios europeus em 2019. Encontrou microplásticos por todo o lado em concentrações "alarmantes". 

"A Europa está bastante avançada neste domínio", explica Ghiglione. "Antigamente, a poluição por plásticos era enorme, principalmente devido às embalagens e aos plásticos de utilização única. Este era o objetivo inicial da União Europeia. Agora, esperamos ver uma mudança na forma como o plástico é visto". 

Até à data, o plástico tem sido visto como um resíduo e os esforços têm-se centrado na gestão dos resíduos. Ghiglione espera que a UE promova uma redução drástica da produção de plásticos e apresente uma lista de substâncias químicas cuja utilização nos plásticos deve ser proibida. 

A Europa fez progressos na limitação dos microplásticos, mas Ghiglione e a comunidade científica pedem mais. Com as negociações para um tratado global ainda em curso, a Europa e a comunidade internacional enfrentam uma escolha: continuar a gerir a poluição ou atacar o problema pela raiz.