Europa diz que lidera o mundo na Observação da Terra. Mas o que significa?

O foguetão de carga pesada, desenvolvido ao longo de uma década pela Agência Espacial Europeia (ESA) e pelo ArianeGroup, foi lançado a partir da base espacial europeia de Kourou, na Guiana Francesa, esta terça-feira.
Após pouco mais de uma hora, o satélite separou-se do foguetão e iniciou a sua viagem à volta da Terra.
Com este novo satélite, a União Europeia reforça a sua posição de líder no domínio da observação da Terra, de acordo com Andrius Kubilius, Comissário Europeu para a Defesa e o Espaço.
O que é a observação da Terra e qual a sua importância?
A observação da Terra é o processo de recolha de informações sobre os sistemas físicos, químicos e biológicos do nosso planeta - a Europa conta com os satélites Sentinel do programa Copernicus gerido pela Agência Espacial Europeia.
Desde a medição do degelo no Ártico até à cartografia da desflorestação, a tecnologia permite aos cientistas observar as mudanças no ambiente com grande precisão.
O novo satélite, Sentinel-5A, será operado pela Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos (EUMETSAT) e foi concebido para fornecer dados de alta qualidade para a previsão de condições meteorológicas extremas, o controlo das emissões de gases com efeito de estufa e a monitorização da temperatura dos oceanos.
"As condições meteorológicas extremas custaram à Europa centenas de milhares de milhões de euros e dezenas de milhares de vidas nos últimos 40 anos", afirmou à Euronews Phil Evans, diretor-geral da EUMETSAT.
Este lançamento é um "grande passo em frente para dar aos serviços meteorológicos nacionais ferramentas mais precisas para salvar vidas, proteger propriedades e criar resiliência contra a crise climática", explicou.
Timo Pesonen, diretor-geral da Indústria da Defesa e do Espaço da Comissão Europeia, afirmou nas redes sociais que espera que o novo satélite Sentinel participe no rastreio da qualidade do ar e das emissões em todo o mundo para apoiar as políticas da UE, como a Estratégia para o Metano e a diretiva relativa à qualidade do ar.
O caminho independente da Europa para o espaço
O programa de satélites Copernicus é a frota de observação da Terra mais avançada do mundo, mas a UE não tinha capacidade própria para enviar esses satélites para o espaço.
Ao associar uma tecnologia de satélites de nível mundial a uma capacidade de lançamento independente, a Europa está a posicionar-se como líder tanto na ciência como nas infraestruturas de observação da Terra.
Até agora, as ambições espaciais da Europa enfrentavam o desafio prático de colocar satélites em órbita sem depender de atores externos. Com os foguetões russos Soyuz a deixarem de ser uma opção, o continente tornou-se cada vez mais dependente da SpaceX, a empresa norte-americana de Elon Musk, para os lançamentos - um aliado embaraçoso.