Incêndios fazem nova vítima mortal em Portugal

Foi confirmada esta quarta-feira a terceira vítima mortal dos incêndios que lavram no território de Portugal continental.
Trata-se de um homem de 65 anos que morreu durante a madrugada, num acidente com uma máquina enquanto ajudava no combate às chamas em Mirandela.
A morte soma-se ao falecimento do antigo autarca de Vila Franca do Deão, que morreu no durante o combate às chamas no distrito da Guarda, aos 43 anos e ao bombeiro que morreu num acidente de viação quando se deslocava para um incêndio rural que deflagrou no concelho do Fundão, no domingo, cujo funeral aconteceu no dia de ontem.
Portugal com maior percentagem de área ardida da UE
Portugal é o país da União Europeia com a maior percentagem de área ardida este ano, apesar de ser apenas o quinto em número de incêndios. Estes números do Copernicus mostram a gravidade da situação no país, onde os fogos estão a provocar uma verdadeira crise política.
Segundo o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS, na sigla em inglês) do programa Copernicus, este ano Portugal já registou um total de 139 números florestais. Um número que fica atrás de quatro outros países: Itália (464 incêndios), Roménia (453); França (244) e Espanha (228).
No entanto, em termos de percentagem de área ardida, o país é de longe o mais fustigado. Este ano já ardeu 2,69% do país, correspondente a mais de 247 mil hectares de floresta, abaixo da República Checa (2,3%) e de Espanha (0,8%).
Esta percentagem mais que quase que triplica a média anual de área ardida em Portugal nos últimos anos (2006-2024), que é de 1,05%.
Entretanto, os dados provisórios do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), obtidos com base no Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais (SGIF), apontavam esta quarta-feira para uma área ardida ligeiramente mais baixa: 222 mil hectares de terreno ardido este ano em Portugal.
“Algo não está bem”
Esta semana, as temperaturas têm diminuído em Portugal e, segundo o Copernicus, há mesmo uma diminuição do risco no sul da Europa. Mesmo assim, Portugal continua a arder. Ao início da manhã desta quarta-feira, havia mais de 4.700 operacionais a combater as chamas, auxiliados por 1480 veículos e três meios aéreos.
O incêndio de Arganil, no centro do país, era aquele que provocava mais preocupação, tendo-se já alargado aos concelhos de Seia, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Fundão, Covilhã e Castelo Branco.
"É com muita preocupação que estamos a viver este momento, um momento muito difícil", disse o presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, em entrevista à RTP.
Vítor Pereira disse ainda que “algo não está bem, algo está em colapso".
Crise política
Os incêndios estão a provocar uma verdadeira crise política. As férias do primeiro-ministro na praia, na semana passada, e a participação deste na festa do PSD no Pontal são alguns dos casos que fazem aumentar as críticas à prestação do Governo.
Também a prestação da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, está a ser criticada. No entanto, esta terça-feira, o presidente português defendeu a ministra, sublinhado que esta está há pouco tempo no cargo.
“Admito que quem acaba de chegar há dois meses esteja a descobrir os problemas e as respostas a dar”, disse Marcelo de Rebelo de Sousa, sublinhando, no entanto, que é preciso refletir.
"Penso que estamos todos de acordo que terminada esta época, e não sabemos quando termina, é evidente que há reflexões a fazer", acrescentou.
O presidente português fez estas declarações quando se deslocou ao funeral da primeira vítima mortal dos incêndios. O antigo autarca de Vila Franca do Deão, Carlos Dâmaso, morreu na sexta-feira quando combatia as chamas. Marcelo esteve também no velório de Daniel Agrelo, o bombeiro que, no domingo, morreu num despiste.
O Governo está agora a tentar afastar as críticas. Segundo o jornal Observador, o executivo está a trabalhar num pacote de medidas de resposta rápida às pessoas afetadas.
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