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Interferências em GPS aumentam na Europa

• Sep 2, 2025, 6:50 PM
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A Europa está a registar um aumento das interferências nos GPS a leste, em torno dos mares Báltico e Negro, em especial perto de aeroportos e infraestruturas críticas.

O avião que transportava a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi atingido por interferências no GPS domingo, quando aterrou na Bulgária, numa visita oficial a sete Estados-membros que fazem fronteira ou se situam perto da Rússia e da Bielorrússia (Finlândia, Estados Bálticos, Polónia, Bulgária e Roménia).

As autoridades búlgaras suspeitam de interferência russa, segundo Bruxelas: "Desde o início da guerra e da invasão da Ucrânia pela Rússia, ou seja, desde fevereiro de 2022, tem-se verificado um aumento considerável e muito notório do empastelamento do GNSS (Sistema Global de Navegação por Satélite) e, recentemente, registaram-se incidentes de usurpação do GPS na Bulgária e no flanco oriental, da Finlândia a Chipre, que afetaram aeronaves e navios da UE", diz Paula Pinho, porta-voz principal da Comissão Europeia.

No ano passado, o avião que transportava o então Secretário britânico da Defesa Grant Shapps sofreu interferências de GPS nos arredores do enclave de Kaliningrado.

A Rússia "tem bases de interferência em Kaliningrado, ao longo das fronteiras da Rússia com os Estados Bálticos e, obviamente, também ao longo das suas fronteiras com a Ucrânia", conta David Stupples, professor de Engenharia Eletrónica e de Rádio na Universidade de Londres, à Euronews.

O incidente está longe de ser isolado. Numa carta datada de maio de 2025, os ministros europeus informam que, desde 2022, se observam interferências de GPS na região do Mar Báltico, principalmente por parte da Rússia e da Bielorrússia, e que estas interferências nas aeronaves aumentaram drasticamente desde agosto de 2024.

A Lituânia registou mais de 1000 casos de interferência de GPS em junho, 22 vezes mais do que em junho de 2024, de acordo com o regulador de comunicações do país. Na Estónia, 85% dos voos foram afectados por interferências GPS, de acordo com as autoridades. A Polónia registou 2 732 casos de interferência e falsificação de GPS em janeiro de 2025.

Guerra híbrida

Existem vários tipos de interferência de GPS: o jamming e o spoofing.

"O jamming cria essencialmente ruído de rádio para impedir que o recetor receba informações de um sinal de satélite", explica Tegg Westbrook, professor associado da Universidade de Stavanger, à Euronews.

"O spoofing é mais manipulador. Envolve a injeção de sinais falsos para dar ao recetor informações enganosas, quer sejam informações de navegação ou de posição", acrescenta.

Trata-se de técnicas de guerra híbrida ou de guerra eletrónica utilizadas pela Rússia"para assediar e intimidar os países vizinhos", segundo o especialista.

"No norte da Noruega, em Finnmark, tem havido muita interferência no GPS de ambulâncias, aviões e operações florestais, até à Letónia, Lituânia e Finlândia, onde também tem tido um efeito real na navegação", acrescenta o professor.

Não entrem em pânico: os pilotos estão treinados para lidar com estes cenários e estão familiarizados com métodos de navegação alternativos.

"Os sistemas de apoio funcionam muito bem e não são tão precisos como o GPS, mas são razoavelmente exatos. Com o radar terrestre, que é operado pelo Eurocontrol em toda a Europa, os aviões estão perfeitamente seguros", explica David Stupples.

"As situações mais graves em que o empastelamento do GPS terá maior efeito ou impacto são em condições meteorológicas muito adversas, ou seja, quando há uma trovoada, quando está escuro e, sobretudo, quando há muito tráfego aéreo", acrescenta Tegg Westbrook, especificando que este cenário diz respeito a menos de 1% dos casos.

O comissário europeu para a Defesa, Andrius Kubilius, afirmou no dia X que a UE iria aumentar o número de satélites na órbita terrestre baixa para detetar melhor as interferências.

A NATO está também a trabalhar para combater a interferência russa nos voos civis, afirmou Mark Rutte, Secretário-Geral da Aliança, na terça-feira.

A 6 de junho, treze Estados-membros da UE solicitaram à Comissão que tomasse medidas para contrariar o aumento das interferências GPS na Europa. Em particular, propuseram o desenvolvimento de sistemas alternativos ao sistema global de navegação por satélite e a aceleração da implantação de serviços GNSS resistentes às interferências.