Cinco portugueses e cidadãos de várias nacionalidades entre os mortos no elevador da Glória

As últimas informações avançadas pelo diretor nacional da Polícia Judiciária indicam que a identidade de oito vítimas mortais foi já confirmada. Entre os mortos estão cinco portugueses, dois cidadãos sul-coreanos e uma pessoa de nacionalidade suíça. Já esta sexta-feira, o governo francês confirmou que uma cidadã nacional também se encontra entre as vítimas.
Segundo explicou Luís Neves, o diretor da PJ, na quinta-feira, com elevada probabilidade de identificação, mediante as informações recolhidas, estão outras cinco pessoas. Entre elas, uma pessoa de nacionalidade alemã, dois canadianos, um ucraniano e um norte-americano.
Esse trabalho de identificação envolve a realização de autópsias, a determinação dos perfis genéticos das vítimas e depende ainda das informações fornecidas por familiares e outras agências, como a Interpol. Segundo a PJ, "a linha de informações criada exclusivamente para o acidente foi essencial para esse trabalho".
“A linha foi extremamente útil: mais de 200 chamadas permitiram-nos dar informação a familiares das vitimas, encaminhar essas pessoas, e deu-nos informação útil para identificar as vítimas”, explicou Luís Neves.
Perante os números apresentados, na quinta-feira estavam três vítimas mortais por identificar, mas de acordo com as mais recentes informações de França, serão agora apenas duas: já esta sexta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros de França revelou que uma cidadã francesa perdeu a vida no acidente.
"Temos a confirmação da morte de uma das nossas compatriotas no trágico acidente ocorrido em Lisboa. Os nossos pensamentos estão com a sua família e entes queridos. A embaixada está à disposição para os acompanhar", escreveu no X Jean-Nöel Barrot.
Autópsias todas realizadas
Francisco Corte Real, presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, destacou o trabalho até agora realizado. As autópsias de todas as vítimas já foram realizadas e estão a ser terminados os perfis genéticos das mesmas, num trabalho “contínuo” que, segundo ele, envolveu, até ao momento, 37 elementos do instituto.
“O Instituto de Medicina Legal pretendeu minorar o sofrimento das famílias e ajudar na rápida identificação das vítimas”, afirmou.
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa confirmou, em comunicado, que quatro das 16 vítimas mortais resultantes do acidente com o elevador da Glória eram funcionários desta instituição. Recorde-se também que a primeira vítima identificada foi André Marques, um guarda-freio, de 40 anos, que trabalhava no ascensor.
Sobre os feridos, o diretor-executivo do SNS, confirmou que deram entrada nos hospitais portugueses 23 feridos, dos quais 13 são feridos ligeiros e dez feridos graves.
Perícias no local terminaram. Relatório preliminar será conhecido num prazo de 45 dias
A Polícia Judiciária confirmou ainda que a recolha de elementos de prova no local terminaram seguindo-se agora a sua análise.
"Demos por terminanada a ecolha de indícios no local – nós queremos imprimir toda a celeridade destas investigações porque, aqui, precisamos de dar uma resposta e procuramos dá-la no menor espaço de tempo possível mas com toda a segurança que os casos criminais exigem", confirmou Luís Neves.
Na conferência de imprensa, realizada na tarde quinta-feira, esteve também Nelson Oliveira, diretor-geral do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) que confirmou também o fim das diligências no local, explicando que "os indícios identificados estão em fase de processamento".
"Os veículos serão sujeitos a peritagens técnicas que serão articuladas entre todas as entidades envolvidas – sob a coordenação do GPIAAF", confirmou o diretor-geral, que indicou que novos dados da investigação serão divulgados sexta-feira "numa nota informativa". Indicou ainda que será publicado um "relatório preliminar no prazo de 45 dias".
Nelson Oliveira reiterou a importância da investigação para "que sejam retirados todos os ensinamentos necessários para evitar incidentes similares".
"Trabalhamos para que, com estes infelizes eventos, se tirem lições para que tal não volte a acontecer", afirmou.
Presidente da República pede apuramento das causas do acidente "o mais rápido possível"
Marcelo Rebelo de Sousa pediu o apuramento "o mais rápido possível" das causas e responsabilidades do acidente. Em declarações aos jornalistas, após uma missa realizada em memória das vítimas, o presidente da República fala numa "hora de exigência e responsabilidade".
"É uma hora de exigência e de responsabilidade. Isso aconteceu desde o primeiro momento, nomeadamente por iniciativa do presidente da Câmara de Lisboa. A responsabilidade significa o apuramento das causas o mais rápido possível", afirmou.
Para o chefe de Estado, a rapidez é necessária para relembrar que Lisboa é uma local de segurança e não do contráriol.
"Esta é também uma hora de afirmação de que Lisboa, como Portugal, além de acompanhar esta dor profundíssima, também faz questão de afirmar que Lisboa e Portugal são terra de vida, paz, segurança e por isso mesmo entendemos que vale a pena afirmar que essa vida, segurança e paz existem e vão existir. Por isso, a exigência e responsabilidade levam a apurar o que se passou", sublinhou.
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