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Espanha olha-se ao espelho nas eleições francesas

• Jun 27, 2024, 3:27 PM
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No meio de um cenário político convulsivo, a Espanha segue atentamente as eleições legislativas francesas de 2024, procurando paralelos com a sua própria situação política. A convocação de eleições antecipadas por Emmanuel Macron, na sequência da derrota do seu partido nas eleições europeias, gerou uma onda de interesse e análise na política espanhola.

O partido Sumar, parceiro minoritário do governo de Pedro Sánchez, vê a Nova Frente Popular francesa como uma inspiração derivada das políticas progressistas do governo espanhol.

Elizabeth Duval, secretária de comunicação do Sumar, sublinha a importância desta união: "O aspeto realmente extraordinário e inesperado destas eleições francesas foi esta união da esquerda, este movimento para formar a nova Frente Popular. Esta oportunidade de não escolher entre o mau e o pior, de não escolher entre Macron e Le Pen, é o que realmente dá esperança", disse a porta-voz do partido.

Preocupação com a extrema-direita

O receio de um governo de extrema-direita na Europa é palpável, aumentando as preocupações sobre o impacto na estabilidade europeia. Borja Bergareche, sócio de Comunicação e Liderança da Harmon, critica a decisão de Macron.

"Se a intenção era despertar a sociedade francesa para a tendência crescente de apoio à antiga Frente Nacional e a outros partidos de extrema-direita, parece claro que a decisão foi um erro, porque todas as sondagens mostram o partido de Marine Le Pen e outras forças de extrema-direita como o claro vencedor", afirma.

A perspetiva de o partido de Marine Le Pen ganhar um poder significativo alarmou muitas pessoas preocupadas com o futuro da unidade europeia e dos valores democráticos.

"O que acontece em França afeta diretamente o futuro do projeto europeu e a forma como permitimos que o ambiente pernicioso de polarização que forças extremistas, como Marine Le Pen, estão a criar na Europa, se instale", explicou Borja Bergareche.

Em sintonia com Vox

Por outro lado, o Vox, o partido de extrema-direita espanhol, sublinha o seu alinhamento com Marine Le Pen.

"O seu partido, o Vox, e o seu presidente, o meu querido Santiago Abascal, com quem temos estado em contacto há algum tempo, encarnam o movimento patriótico espanhol com que sei que posso contar", anunciou Le Pen durante um evento organizado pelo Vox antes das eleições europeias, que reuniu os principais partidos do seu espetro político em Madrid.

Marine Le Pen garantiu mesmo numa entrevista que, se governar, impedirá o antigo presidente catalão Carles Puigdemont de pisar solo francês. O partido de Abascal espera que a vitória do Rassemblement National se torne uma montra para promover as ideias partilhadas pela extrema-direita europeia.

Impacto em Espanha

Borja Bergareche sublinha também a possível complexidade do panorama político. "O cenário mais provável é uma coabitação perturbadora entre um presidente centrista como Macron e um primeiro-ministro da Frente Nacional. Isto coloca grandes desafios à política europeia e à estabilidade democrática", alertou.

"A lição francesa, que se aplica a qualquer outro país, é que é cada vez mais difícil para os partidos moderados, responsáveis nas instituições, projetarem junto dos seus concidadãos as conquistas das pequenas e valiosas democracias liberais imperfeitas que temos, que nos frustram a todos, mas que são claramente o único sistema que salva as sociedades que temos", concluiu Bergareche.