Quantas crianças desaparecem todos os anos na Europa?

No ano passado, foram enviadas mais de 124 mil denúncias digitais de crianças desaparecidas à Missing Children Europe (MCE), a federação europeia para as crianças desaparecidas e sexualmente exploradas.

O número é quase o dobro do registado em 2023. A federação não explica as causas deste aumento significativo.

As denúncias podem ser feitas alertando as linhas diretas através de chamadas telefónicas, mensagens de texto, e-mails, serviços de chat e redes sociais.

O relatório cita dados de 22 países europeus, incluindo a Finlândia, França, Polónia, Espanha, Albânia e Reino Unido.

A maioria das crianças desaparecidas é encontrada pelas autoridades policiais, sendo o regresso por vontade própria a segunda forma mais comum de recuperação das mesmas.

Nos últimos dois anos, 67% dos casos registados envolvem crianças que fugiram ou foram expulsas de casa ou de instituições de acolhimento.

A idade média das crianças desaparecidas, de acordo com as 18 linhas diretas que podiam fornecer esses dados, variava entre os 12 e os 16 anos, o que indica que as crianças adolescentes são as que correm maior risco.

Por que é que as crianças desaparecem e quanto tempo é necessário para as encontrar?

Os problemas em casa e nas instituições, bem como as questões relacionadas com a toxicodependência ou o alcoolismo, estão entre as razões mais comuns comunicadas pelas linhas diretas.

Seguem-se os problemas de saúde mental, os problemas na escola e o aliciamento ou a exploração.

Seis em cada 10 crianças que fugiram eram raparigas.

"No entanto, os dados da Bélgica, que comparam as linhas diretas com os dados da polícia, sugerem um possível enviesamento de género nas denúncias, com os rapazes a serem subnotificados em comparação com as raparigas", afirma o relatório da MCE.

A maioria das crianças que fugiram foi encontrada em menos de uma semana (78%), enquanto 15% foram encontradas entre uma semana e um mês após o seu desaparecimento, de acordo com 11 linhas diretas da MCE.

Os dados dessas mesmas linhas revelam que uma criança foi encontrada morta.

Crianças migrantes desaparecidas

Os casos que envolvem crianças migrantes aumentaram ligeiramente em 2024, para 7%. No entanto, a MCE adverte que há uma falta de dados abrangentes sobre estas crianças, o que limita a compreensão de quantas delas desaparecem.

Nestes casos, há mais rapazes do que raparigas que desaparecem. Isto está relacionado com o facto de haver mais requerentes de asilo e refugiados do sexo masculino do que do sexo feminino.

A faixa etária média das crianças desaparecidas durante a migração situa-se entre os 12 e os 17 anos, de acordo com os relatórios de nove linhas diretas.

Segundo os dados fornecidos por cinco linhas diretas, 69 destas crianças foram encontradas com vida, 46 das quais foram encontradas em menos de uma semana e três crianças foram encontradas entre um mês e 12 meses após o seu desaparecimento.

Marrocos, Afeganistão, Argélia e Síria são os países de origem mais comuns para as crianças migrantes desaparecidas.

Entre 2021 e 2023, mais de 50 mil dessas crianças não acompanhadas na União Europeia desapareceram do radar, de acordo com a Lost in Europe.