Grupo de centro-esquerda do Parlamento Europeu expulsa partido do primeiro-ministro eslovaco por violação de princípios

O Partido Socialista Europeu (PSE) expulsou o partido do primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, do seu grupo político no Parlamento Europeu.
A assembleia do grupo socialista tomou a decisão por unanimidade na sexta-feira, que foi anunciada pelo secretário-geral Giacomo Fillibeck durante o Congresso Socialista em Amesterdão.
"Nos últimos dois anos, o Smer tem assumido uma posição política que contradiz severa e profundamente os valores e princípios que a nossa família defende", afirmou Fillibeck.
"A mensagem é clara: se pertences à família do Partido Socialista Europeu, partilhas os mesmos valores que nós."
A medida era amplamente esperada, uma vez que o Smer foi suspenso em outubro de 2023, depois de o seu líder, Robert Fico, ter formado um governo de coligação com conotações anti-ucranianas e eurocéticas, juntamente com o partido de esquerda Hlas-SD e o Partido Nacional Eslovaco (SNS), ultranacionalista de extrema-direita.
O partido eslovaco foi então temporariamente excluído da família socialista e os seus membros no Parlamento Europeu foram excluídos do grupo político dos Socialistas e Democratas (S&D), passando a fazer parte dos deputados não inscritos.
Desde o seu regresso ao poder, Robert Fico distanciou ainda mais o seu partido da linha dos socialistas em várias questões, como a migração, os direitos LGBTQ e a guerra na Ucrânia.
Fico tem frequentemente frustrado os esforços da UE para sancionar a Rússia e reduzir a dependência energética de Moscovo, invocando o poder de veto da Eslováquia para bloquear novas vagas de medidas, uma vez que as sanções da UE estão sujeitas a uma regra de unanimidade para serem aprovadas.
A posição de Fico é semelhante à do seu homólogo húngaro Viktor Orbán, que questiona o envio de ajuda militar à Ucrânia e apela a um maior diálogo com Moscovo, mesmo tendo em conta a dependência eslovaca do gás russo.
Em maio, o primeiro-ministro húngaro também causou polémica ao visitar Moscovo para se encontrar com o presidente russo, Vladimir Putin, e comemorar o 80.º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial.
"Não estou interessado em lidar com novos pacotes de sanções contra a Rússia até ver,nas conclusões da cimeira, instruções políticas para a Comissão Europeia sobre como lidar com a crise na indústria automóvel e com os elevados preços da energia que estão a tornar a economia europeia não competitiva", disse Fico, após uma conversa telefónica com o presidente do Conselho Europeu, António Costa.
Pelo contrário, o Partido Socialista Europeu apoia totalmente o apoio financeiro e militar à Ucrânia.
O Smer foi contactado para comentar o tema, mas até à data de publicação desta notícia ainda não tinha respondido ao pedido da Euronews.
Na sexta-feira, o Congresso do Partido Socialista Europeu também aprovou a entrada de três novos partidos: o Place Publique (PP), de França, o Partido da Liberdade e Justiça (SSP), da Sérvia, e o Movimento de Autodeterminação (LVV), do Kosovo, expandindo o alcance do partido na Europa.
O Place Publique (PP) é agora um membro de pleno direito, enquanto o SSP e o LVV são "membros associados", estatuto que se aplica geralmente a forças políticas fora da UE.
Os líderes dos três partidos foram convidados a usar da palavra durante o Congresso.
"Gostaria de expressar o meu sincero agradecimento por aceitarem o Movimento de Autodeterminação no seio desta importante família política", afirmou o primeiro-ministro do Kosovo e líder do LVV, Albin Kurti.
Recordou ainda o recente sucesso do seu partido nas eleições locais e os dois pedidos pendentes feitos pelo seu governo à UE: o levantamento total das medidas restritivas impostas em junho de 2023 pela União Europeia, em resposta à "falta de cooperação" das autoridades do Kosovo na redução das tensões com a Sérvia, e a aceleração do processo de adesão.
O deputado sérvio e líder do Partido da Liberdade e Justiça, Dragan Đilas, agradeceu aos seus novos colegas, dizendo que o seu partido "está a lutar para trazer a Sérvia para a família europeia das Nações", tendo elogiado ainda os protestos dos estudantes sérvios contra o governo de Aleksandar Vučić e reconhecido o apoio dado pelos socialistas a este movimento.
"O lugar de uma Sérvia democrática é na União Europeia. Prometo que não desistiremos. Por favor, não desistam também", indicou.