Autarca de Amesterdão proíbe manifestações durante três dias após ataque a adeptos israelitas
Amesterdão proibiu manifestações durante três dias, a partir de sexta-feira, na sequência dos ataques aos adeptos do Maccabi Telavive que se deslocaram à capital neerlandesa para ver o encontro do seu clube contra o Ajax, para a Liga Europa.
Femke Halsema, presidente da câmara de Amesterdão, condenou a violência por parte de "grupos antissemitas", referindo que os adeptos do Maccabi foram "atacados" e que a polícia de choque interveio para protegê-los e escoltá-los para hotéis. A autarca diz que os distúrbios fazem lembrar os pogroms da história contra os judeus.
A polícia neerlandesa informou que cinco pessoas foram hospitalizadas e 62 foram detidas depois de os atacantes terem "visado sistematicamente os adeptos israelitas". Israel avança que dez pessoas ficaram feridas.
O chefe da polícia de Amesterdão afirmou que os adeptos do Maccabi atacaram um táxi e incendiaram uma bandeira palestiniana na quarta-feira, um dia antes dos ataques generalizados contra israelitas.
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram os adeptos do Maccabi a descerem uma escada rolante em Amesterdão enquanto entoavam cânticos racistas contra muçulmanos, já na quinta-feira. Outros subiram a um edifício para retirar uma bandeira palestiniana.
A autarca de Amesterdão diz que não há desculpa para o que considera serem atos criminosos que ameaçaram a vida e cultura judaicas.
As autoridades neerlandesas afirmaram que tinham sido adoptadas medidas de segurança adicionais na cidade antes do jogo, mas que uma avaliação de risco efetuada no mês passado não tinha detetado qualquer ameaça concreta.
Halsema propôs que o Conselho Municipal de Amesterdão realizasse um debate de emergência sobre o incidente, que está atualmente a ser investigado.
O rei dos Países Baixos, Willem-Alexander, estabeleceu uma ligação entre o Holocausto e a violência de quinta-feira à noite, dizendo que o país "falhou com a comunidade judaica".
Em março, a inauguração de um novo museu do Holocausto em Amesterdão levou a manifestações pró-palestinianas em toda a cidade.
Primeiro voo com adeptos já chegou a Telavive
O primeiro dos três voos especiais que transportam os adeptos do Maccabi, retirados de Amesterdão, aterrou no aeroporto Ben Gurion nos arredores de Telavive na tarde de sexta-feira.
A El Al, companhia aérea israelita, informou que três aviões aterrariam em Israel entre sexta-feira e o início de sábado, com paramédicos a bordo para prestar o apoio necessário.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel afirma que todos os israelitas na capital neerlandesa foram localizados.
Netanyahu: 86º aniversário da Noite de Cristal foi “assinalado nas ruas de Amesterdão”
Em reação aos incidentes, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o 86.º aniversário da Noite de Cristal foi “assinalado nas ruas de Amesterdão”.
"Faz amanhã 86 anos que foi a Noite de Cristal, quando os judeus em solo europeu foram atacados por serem judeus. Isto voltou a acontecer”, sublinhou Netanyahu, numa alusão aos acontecimentos de 9 de novembro de 1938, quando os nazis atacaram judeus e as propriedades destes na Alemanha.
“No entanto, existe agora uma diferença: o povo judeu tem agora um Estado próprio”, acrescentou Netanyahu.
O Conselho de Segurança Nacional de Israel já aconselhou os israelitas a não assistirem ao jogo da equipa de basquetebol do Maccabi Tel Aviv contra o Virtus Bologna, em Itália, a contar para a liga europeia da modalidade.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse estar "indignada" com os atos de violência e revelou que tinha falado com o primeiro-ministro neerlandês.
"O antissemitismo não tem absolutamente lugar na Europa", afirmou von der Leyen.
O presidente francês Emmanuel Macron salientou que violência em Amesterdão "recorda as horas mais vergonhosas da história".
O chanceler alemão, Olaf Scholz, também condenou os distúrbios: "Qualquer pessoa que ataque os judeus está a atacar-nos a todos. Os judeus devem poder sentir-se seguros na Europa". O seu homólogo austríaco, Karl Nehammer, lamentou as cenas de violência, "em particular quando ocorrem no contexto de um evento desportivo que deveria unir as pessoas".
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