Josep Borrell visita Kiev para garantir à Ucrânia o apoio do bloco
"Este apoio mantém-se inabalável. Este apoio é absolutamente necessário para que possam continuar a defender-se da agressão russa", afirmou Borrell numa conferência de imprensa conjunta com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andrii Sybiha.
Borrell também apelou a "entregas mais rápidas e menos linhas vermelhas auto-impostas" no fornecimento de armas ocidentais à Ucrânia, fazendo eco dos seus anteriores apelos aos aliados para que levantem as restrições à utilização pela Ucrânia de armas de longo alcance fornecidas pelo Ocidente para atingir alvos militares russos.
A União Europeia já concedeu 122 mil milhões de euros de apoio militar e financeiro à Ucrânia e treinou cerca de 60 000 soldados ucranianos.
Borrell acrescentou que o objetivo do bloco é aumentar este número para 75 000 até ao final do inverno.
O presidente do Parlamento Europeu sublinhou a importância da capacidade da Ucrânia para produzir o seu próprio armamento, afirmando que "é muito mais eficaz produzir as suas próprias armas aumentando a sua capacidade industrial".
A visita de Borrell à Ucrânia é a última no exercício das suas funções de Alto Representante e surge na sequência da eleição de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos da América - um acontecimento que suscitou preocupações quanto a potenciais cortes dos EUA na ajuda financeira e militar à Ucrânia.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Ryabkov, afirmou que Moscovo e Washington estavam a "trocar sinais" sobre a Ucrânia através de "canais fechados".
Não especificou se a comunicação foi feita com a atual administração ou com Trump e os membros da sua próxima administração.
A Rússia está disposta a ouvir as propostas de Trump sobre a Ucrânia, desde que se trate de "ideias sobre a forma de avançar na área da resolução e não na área de continuar a bombear o regime de Kiev com todo o tipo de ajuda", disse Ryabkov no sábado, numa entrevista à agência noticiosa estatal russa Interfax.
Mas Borrell afirmou que "cabe à Ucrânia decidir quando se vai sentar à mesa das negociações e em que condições".
Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Andrii Sybiha, disse aos jornalistas que a Ucrânia está pronta para trabalhar com a administração Trump.
"Lembrem-se que o Presidente Zelenskyy foi um dos primeiros líderes mundiais [...] a cumprimentar o Presidente Trump", disse. "Foi uma conversa sincera (e) uma troca de ideias sobre uma maior cooperação."
"Ainda durante a conversa telefónica, foram discutidas outras medidas para estabelecer a comunicação entre as equipas e este trabalho também já começou. Por conseguinte, estamos abertos a uma maior cooperação e estou certo de que o objetivo unificado de alcançar uma paz justa nos une a todos", afirmou Sybiha.