Scholz aberto a agendar moção de confiança antes do fim do ano após colapso da coligação
O chanceler alemão Olaf Scholz afirmou que está disposto a agendar a votação de uma moção de confiança no Parlamento antes do Natal, depois de a coligação de três partidos no poder se ter desmoronado há menos de uma semana.
Numa entrevista concedida no domingo à noite à estação pública ARD, Scholz disse: "Não estou colado ao meu cargo".
"Penso no que é melhor e onde é que os cidadãos e os partidos que estão a competir com os partidos atualmente no governo e os partidos representados no Bundestag têm os seus direitos? Há muitas coisas que precisam de ser consideradas", disse.
"E digo simplesmente que sou a favor de que isso aconteça, mas também quero que seja rápido. Não quero um novo mandato de toda a gente, mas apenas dos cidadãos através de um voto forte a favor do SPD".
Scholz tinha inicialmente agendado a votação para 15 de janeiro mas, face à pressão crescente, está agora a considerar a possibilidade de a realizar este ano, abrindo caminho a eleições antecipadas.
Scholz deverá perder a votação e, nesse caso, o presidente Frank-Walter Steinmeier terá 21 dias para dissolver o Bundestag e novas eleições deverão ter lugar no prazo de 60 dias após o encerramento do parlamento.
Mas Scholz também negou ter provocado o colapso da coligação, afirmando que fez tudo o que estava ao seu alcance para a manter unida.
"Não, não fui eu que provoquei o colapso... Tentei até ao fim juntar as coisas. Conseguimos fazer uma série de pequenas coisas, mas a verdadeira questão não desapareceu. E é por isso que temos estado a discutir o assunto durante todo o dia. E penso que temos de ser abertos e honestos com o público sobre isso. O que está em causa é querer algo que não posso justificar".
A chamada "Coligação Semáforo" - composta pelos sociais-democratas de Scholz, o liberal FDP e os Verdes - desmoronou-se a 6 de novembro, depois de Scholz ter demitido o ministro das Finanças, Christian Lindner.
"Ele (Lindner) quebrou a minha confiança demasiadas vezes", disse Scholz à imprensa na altura, acrescentando que "já não há base de confiança para uma maior cooperação", uma vez que o líder do FDP está "mais preocupado com a sua própria clientela e com a sobrevivência do seu próprio partido".
Lindner é o líder do FDP, partido liberal.
Scholz substituiu Lindner pelo até aqui secretário de Estado da Chancelaria, Jörg Kukies.
A coligação tem estado em desacordo desde há algum tempo, em especial no que se refere à política económica, com sérias tensões no orçamento para 2025 e um desempenho dececionante da economia alemã, o que suscita sugestões cada vez mais diferentes sobre a forma de enfrentar e resolver os problemas.
Muitos deputados da coligação esperavam que, depois de Donald Trump ter assegurado a presidência dos EUA pela segunda vez, os conflitos internos fossem postos de lado para se concentrarem nos potenciais desafios geopolíticos que se avizinham.
Entretanto, um porta-voz do governo alemão confirmou que Scholz e Trump mantiveram uma conversa telefónica no domingo à noite, na qual trocaram pontos de vista sobre questões bilaterais e desafios geopolíticos.
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