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"Tudo é possível": vice-chanceler alemão aberto a dialogar da esquerda à direita

• Nov 12, 2024, 9:51 PM
5 min de lecture
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O vice-chanceler da Alemanha esteve na Web Summit em Lisboa para falar do caminho em direção a um futuro de progresso, mas o dele, politicamente, está incerto.

Com eleições legislativas que devem acontecer no país a 23 de fevereiro do próximo ano, depois do acordo alcançado pelos dois maiores partidos alemães (SPD e CDU), Habeck defende a concórdia.

"Não se deve ter vergonha de cooperar", frisou o número dois do executivo germânico.

"Essa é a base da democracia, que as pessoas se juntem, que os partidos se juntem, partilhem visões, encontrem compromissos e possam avançar", acrescentou.

Os Verdes, de Robert Habeck, foram parte da chamada coligação "semáforo" que, no final de 2021, juntamente com os socias-democratas do SPD e os liberais do FDP, deu um governo à Alemanha na era pós-Merkel.

Mas as diferenças ideológicas, sobretudo entre os Verdes e os liberais, eram demasiado grandes e, ao cabo de quase três anos, a convergência esgotou-se.

A pouco mais de três meses das legislativas antecipadas, Habeck admite negociar plataformas de entendimento com qualquer partido, da esquerda à direita, sem exceções.

"Tudo é possível", salienta.

Robert Habeck, vice-chanceler alemão, na Web Summit 2024 em Lisboa.
Robert Habeck, vice-chanceler alemão, na Web Summit 2024 em Lisboa. Web Summit

Europa "unida" face a Trump

O regresso de Donald Trump à Casa Branca já provocou uma forte queda no sentimento económico da Alemanha em novembro. O presidente eleito dos Estados Unidos já avisou que pode vir a impor tarifas de 10 a 20% sobre o bloco europeu, o que já levou Robert Habeck a lembrar que os Estados Unids precisam do mercado interno da União Europeia.

Prevendo tempos desafiantes, o vice-chanceler alemão destaca a importância da Alemanha para manter a Europa unida.

"É algo que não se pode fazer sem a Alemanha, sem a maior economia da Europa".

"As pessoas que estão a tentar destruir a imagem da Europa são as pessoas que estão a tentar destruir a possibilidade de liberdade na Europa". Por isso, assevera Habeck, "o papel da Alemanha é ajudar a Europa a unir-se" para poder responder às ameaças que poderá enfrentar.

No próximo fim de semana, Robert Habeck deve ganhar a corrida interna para ser o candidato dos Verdes a chanceler, mas dificilmente conseguirá liderar o governo federal. A crise energética aberta pela invasão russa da Ucrânia obrigou-o a prescindir de princípios sagrados dos ecologistas e a ceder aos combustíveis fósseis, o que, a par da retração económica, fez com que os seus índices de popularidade descessem a pique.

As sondagens lideradas pela CDU (32%) dão aos Verdes entre 9 a 11%, e nem o SPD, com 16%, o pior registo do partido desde a Segunda Guerra Mundial, poderia dar uma ajuda em eventuais negociações pós-eleitorais para a formação de governo.