"Os mísseis falarão por si": Zelenskyy reage à decisão de Biden de autorizar uso de mísseis de longo alcance contra Rússia
Volodymyr Zelenskyy falou depois de Washington ter tomado uma decisão há muito esperada, autorizando a Ucrânia a utilizar os mísseis de longo alcance fornecidos pelos EUA para atingir alvos no interior da Rússia.
Apesar de Zelenskyy ter pedido essa autorização durante semanas, a sua reação no discurso noturno em vídeo foi discreta: "Hoje, fala-se muito nos meios de comunicação social sobre o facto de termos recebido autorização para as ações relevantes. Mas os ataques não se fazem com palavras. Essas coisas não são anunciadas. Os mísseis falarão por si próprios", afirmou.
Os comentários de Zelenskyy surgem depois de terem surgido notícias de que o presidente Joe Biden tinha autorizado a utilização de armamento norte-americano pela Ucrânia para atacar dentro da Rússia, numa importante mudança de política dos EUA nas últimas semanas de Biden na Casa Branca.
As armas deverão ser utilizadas em resposta à decisão da Coreia do Norte de enviar milhares de tropas para a Rússia para apoiar a invasão da Ucrânia pelo Presidente russo Vladimir Putin, de acordo com uma das fontes.
Zelenskyy também falou sobre o ataque maciço de drones e mísseis da Rússia à Ucrânia no domingo, descrito pelas autoridades como um dos maiores de sempre, que visou infraestruturas energéticas e matou civis.
Este ataque ocorreu num momento em que se teme que Moscovo pretenda devastar a capacidade de produção de energia da Ucrânia antes do inverno frio.
A Rússia terá lançado um total de 120 mísseis e 90 drones num ataque em grande escala em toda a Ucrânia.
"A Rússia está a fazer a mesma coisa há quase mil dias e é necessário defendermo-nos contra ela, sermos fortes. O tempo deve ser investido não para falar com alguém em Moscovo, mas para forçar a Rússia a acabar com a guerra", disse Zelenskyy.
Receios de uma escalada
Biden sempre se mostrou relutante em conceder a Kiev autorização para utilizar as armas dos EUA para outros fins que não fossem defensivos, receando que isso representasse uma escalada que poderia levar os EUA e outros membros da NATO a um conflito direto com a Rússia.
Alguns apoiantes argumentaram que esta e outras restrições dos EUA poderiam custar à Ucrânia a guerra e o debate tornou-se uma fonte de desacordo entre os aliados da Ucrânia na NATO.
A Coreia do Norte enviou milhares de tropas para a Rússia para ajudar Moscovo a tentar recuperar o território da região de Kursk que a Ucrânia tomou este ano. A introdução de tropas norte-coreanas no conflito surge no momento em que Moscovo assiste a uma mudança de rumo favorável. De acordo com as avaliações dos EUA, da Coreia do Sul e da Ucrânia, foram enviados para a Rússia cerca de 12.000 soldados norte-coreanos.
Os serviços secretos norte-americanos e sul-coreanos afirmam que a Coreia do Norte também forneceu à Rússia quantidades significativas de munições para reabastecer as suas reservas de armas cada vez mais reduzidas.
O presidente eleito Donald Trump deu a entender que poderia pressionar a Ucrânia a aceitar entregar algumas terras apreendidas pela Rússia para pôr fim ao conflito.
Trump, que assume o cargo em janeiro, falou durante meses, enquanto candidato, sobre o desejo de que a guerra da Rússia na Ucrânia terminasse, mas na maioria das vezes esquivou-se a perguntas sobre se queria que a Ucrânia, aliada dos EUA, ganhasse.
Também criticou repetidamente a administração Biden por ter dado a Kiev dezenas de milhares de milhões de dólares em ajuda.
A sua vitória eleitoral preocupa os apoiantes internacionais da Ucrânia, que receiam que qualquer acordo apressado beneficie sobretudo Putin.
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