Sérvia: 11 pessoas detidas após caso de queda de cobertura em estação ferroviária
Um antigo ministro terá sido uma das 11 pessoas detidas na Sérvia, esta quinta-feira, na sequência do desabamento de um toldo de betão uma estação de comboios, no início do mês, que matou 15 pessoas e feriu gravemente outras duas.
Os suspeitos, que ainda não foram oficialmente identificados, são acusados de cometer atos criminosos contra a segurança pública, de causar perigo público e de trabalhos de construção irregulares, segundo informaram os procuradores da cidade de Novi Sad, no norte do país, onde ocorreu a tragédia.
Entretanto, a imprensa local noticiou que Goran Vesić, que se demitiu do cargo de ministro da Construção da Sérvia depois do desabamento de 1 de novembro, e Jelena Tanasković, que esta semana deixou o cargo de diretora interina da empresa ferroviária estatal, estavam entre os detidos.
Vesić disse esta quinta-feira, numa publicação no Facebook, que não tinha sido preso, mas que tinha "respondido voluntariamente" à polícia em Novi Sad. Tanasković não fez quaisquer comentários.
As detenções seguem-se a uma onda de protestos para exigir que os responsáveis sejam levados à justiça.
Muitos na Sérvia acreditam que o colapso do toldo por cima da entrada da estação de comboios ficou a dever-se a atos de corrupção e de falta de transparência que resultaram num trabalho de renovação deficiente do edifício da estação, realizado no âmbito de uma parceria sérvio-chinesa.
Na quarta-feira, um grupo de deputados da oposição e outros manifestantes entraram em confronto com a polícia em frente ao edifício do tribunal em Novi Sad pelo terceiro dia consecutivo, exigindo a acusação dos responsáveis e a libertação dos ativistas presos em manifestações anteriores.
"A pressão e a persistência foram bem sucedidas", escreveu Marinika Tepić, uma das líderes do Partido da Liberdade e Justiça (SSP), da oposição, no X, esta quinta-feira. Tepić disse ainda que as detenções não teriam acontecido sem as manifestações nos últimos dias.
Os manifestantes exigem também a publicação dos contratos assinados com as quatro empresas envolvidas na renovação da estação: a China Railway International, a China Communications Construction, a Egis (de França) e Utiber (da Hungria).
Segundo a imprensa local, dois engenheiros da Egis estariam entre as 11 pessoas detidas.
O Presidente da Sérvia, Aleksandar Vučić, não comentou as detenções, mas disse que as autoridades tinham enfrentado dias de pressão para acelerar o trabalho do Ministério Público.
"O gabinete do procurador tomou decisões 100 vezes mais rapidamente do que em países desenvolvidos da UE quando ocorreram incidentes semelhantes", disse Vučić numa mensagem de vídeo, esta quinta-feira.
A estação de comboios foi construída em 1964 e renovada duas vezes nos últimos anos como parte de um acordo mais amplo entre a China, a Sérvia e a Hungria para estabelecer uma ligação ferroviária rápida entre Belgrado e Budapeste. As autoridades sérvias deram informações contraditórias sobre se a cobertura fazia parte da renovação, estando agora a sua manutenção sob escrutínio.
Este teto desmoronou-se subitamente no dia 1 de novembro, caindo sobre as pessoas que se encontravam sentadas ou a passear na estação. Inicialmente, 14 pessoas morreram e três ficaram gravemente feridas. Mas um dos feridos acabou por morrer no domingo. Os médicos ainda estão a tentar salvar as outras duas pessoas.
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