Secretário-geral da ONU pede paz contra "estratégias cínicas" que semeiam divisões no mundo
Em Cascais, na abertura do 10.º Fórum Global da Aliança das Civilizações da ONU (UNAOC), o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, deixou vários apelos à paz num mundo em que os conflitos armados estão a contribuir para acentuar as várias ameaças aos direitos humanos.
"Assistimos a uma onda de xenofobia, de racismo e de intolerância, com as redes sociais a serem exploradas como uma arma poderosa", avisou, criticando as "estratégias cínicas" que visam "semear divisões e ampliar fraturas nas sociedades".
Guterres destacou que os direitos humanos estão "sob ataque", que a crise climática continua a agravar-se e que os "sectarismos de vária ordem proliferam".
"Os conflitos e as guerras alimentam e acentuam cada uma destas ameaças. Face a este cenário, precisamos de paz, acima de tudo de paz", defendeu.
"Paz na Ucrânia, uma paz justa, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, com o Direito Internacional e com as resoluções da Assembleia Geral. Paz em Gaza, com um cessar-fogo imediato, a libertação imediata e incondicional de todos os reféns, a entrega eficaz e sem obstáculos de ajuda humanitária e o início de um processo irreversível rumo à solução dos dois estados. Paz no Líbano, com a cessação das hostilidades imediatamente e a aplicação plena das resoluções do Conselho de Segurança. Paz no Sudão, com todas as partes a silenciarem as armas e a empenharem-se num caminho para uma paz duradoura", reforçou.
O secretário-geral da ONU considerou ainda que é "imperioso defender a Carta das Nações Unidas e o Direito Internacional, incluindo os princípios de soberania, de integridade territorial e de independência política de todos os estados".
Presidente da República sublinha urgência da Aliança das Civilizações num mundo "dominado pelo egoísmo e intolerância"
Numa curta intervenção na cerimónia de abertura do Fórum Global da UNAOC, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também sublinhou a urgência desta reunião da Aliança das Civilizações num mundo dominado pela intolerância.
"Esta urgência é especialmente relevante num mundo que, mais uma vez, se encontra dominado pelo egoísmo, pela arrogância, pela intolerância, pelo isolacionismo", afirmou.
O chefe de Estado português deu "as boas-vindas" aos participantes neste fórum e descreveu Portugal como um país que constitui "uma ponte única entre oceanos e nações".
"País pequeno em dimensão territorial, mas imenso na nossa plataforma continental, a maior da Europa, e uma das maiores do mundo. Contudo, o que nos torna verdadeiramente grandes é a nossa diáspora universal, composta por pessoas afáveis e tolerantes, que fazem de Portugal uma ponte única entre oceanos e nações", considerou.
Neste discurso, o chefe de Estado evocou ainda o antigo Presidente da República Jorge Sampaio, primeiro alto representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, entre 2007 e 2013, que foi homenageado esta terça-feira no Centro de Congressos do Estoril.
Jorge Sampaio foi lembrado pelo Presidente como "um amigo querido, mas sobretudo um grande lutador pela paz, fraternidade, liberdade e dignidade humana".
O fórum da Aliança das Civilizações, que tem como missão o combate à polarização entre sociedades e a promoção do diálogo intercultural, também contou com a presença do rei Felipe VI de Espanha e do Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves.
Atualmente, a UNAOC tem como alto representante o espanhol Miguel Ángel Moratinos.
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