NATO deve concentrar-se na ajuda militar à Ucrânia e não num acordo de paz, diz o líder da aliança
Os aliados da NATO devem concentrar-se mais na prestação de assistência militar à Ucrânia, para que esta possa travar o avanço lento mas constante da Rússia, do que na discussão de um possível acordo de paz, afirmou o chefe da aliança esta terça-feira.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 32 países membros da aliança militar estão reunidos em Bruxelas para uma cimeira de dois dias, com a Ucrânia no topo da agenda.
O secretário-geral Mark Rutte disse aos jornalistas, em conferência de imprensa, horas antes do início da cimeira, que "a coisa mais crucial que temos de fazer agora" é garantir "que a Ucrânia, sempre que decidir entrar em conversações de paz, o faça a partir de uma posição de força".
"A Ucrânia não precisa de mais ideias sobre o que poderia ser um processo de paz".
"E é nisso que nos vamos concentrar nos próximos dois dias: como conseguir mais ajuda militar para a Ucrânia, mais defesa antimíssil para a Ucrânia, melhor coordenação de tudo o que estamos a fazer", acrescentou.
A reunião será a última em que o secretário de Estado Antony Blinken estará presente, uma vez que a nova administração norte-americana, liderada por Donald Trump, deverá tomar posse a 20 de janeiro. O presidente eleito republicano afirmou que poderia acabar com a guerra nos dias seguintes à sua tomada de posse, provocando receios de que Washington possa cortar o seu apoio a Kiev e impor concessões territoriais dolorosas como parte de um acordo de paz com a Rússia.
O ímpeto da guerra, que já dura mais de 1.000 dias, parece estar do lado russo, com a linha da frente a deslocar-se para oeste, enquanto a ofensiva ucraniana na região russa de Kursk está a estagnar.
A defesa de Moscovo em Kursk tem sido apoiada pela Coreia do Norte, que enviou mais de 10.000 soldados para a região, segundo os aliados. Entretanto, o Irão e a China forneceram à Rússia tecnologias militares e de dupla utilização, que esta utilizou para atacar infraestruturas civis e, em particular, energéticas, na Ucrânia.
"Temos de encontrar soluções diplomáticas
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, admitiu na segunda-feira à agência japonesa Kyodo que o "exército ucraniano não tem força" para retomar alguns dos territórios ocupados pela Rússia. "Temos de encontrar soluções diplomáticas", afirmou. E reiterou o apelo para que o seu país se torne membro da NATO o mais rapidamente possível.
Nos últimos meses, a Ucrânia assinou uma série de acordos bilaterais de segurança com países ocidentais mas, para Kiev, nenhuma garantia de segurança pode aproximar-se da adesão plena à aliança militar para dissuadir qualquer futura agressão russa.
"Com a amarga experiência do Memorando de Budapeste atrás de nós, não aceitaremos quaisquer alternativas, substitutos ou substitutos para a adesão plena da Ucrânia à NATO", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia num comunicado divulgado na manhã de terça-feira.
"Convidar a Ucrânia a aderir à NATO agora será um contra-ataque eficaz à chantagem russa e privará o Kremlin das suas ilusões sobre a possibilidade de impedir a integração euro-atlântica da Ucrânia. É também a única hipótese de parar a erosão dos princípios fundamentais da não-proliferação nuclear e restaurar a confiança no desarmamento nuclear", acrescentou.
O Memorando de Budapeste, assinado a 5 de dezembro de 1994, prevê que a Ucrânia abandone o seu arsenal nuclear em troca de garantias da Rússia de que não utilizará a força ou a coerção económica contra a sua integridade territorial ou independência política.
No entanto, Rutte afirmou que os acordos bilaterais fazem parte do caminho da Ucrânia para a adesão plena.
"Durante a cimeira de Washington [realizada em julho de 2024], concordámos com o caminho irreversível para a NATO", disse aos jornalistas. "Portanto, isto está a acontecer passo a passo".
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