A UE deve dialogar com Trump de “forma calma, sem ansiedade”, diz António Costa à Euronews
A União Europeia deve relacionar-se com a nova administração de Donald Trump de uma “forma normal, calma, sem ansiedade”, disse António Costa, presidente do Conselho Europeu, em entrevista à Euronews.
“Naturalmente, tal como os Estados Unidos querem defender os seus interesses, cabe à União Europeia defender os interesses das suas empresas, dos seus cidadãos, da nossa união”, disse Costa.
“Continuamos empenhados, como sempre, em manter uma boa relação com os Estados Unidos, por isso, se e quando os Estados Unidos considerarem que há uma questão a resolver, estamos aqui para a discutir e negociar”.
Costa advertiu que “mesmo entre amigos”, é natural que haja fricções e confrontos, como foi o caso da Lei de Redução da Inflação (IRA), a legislação introduzida por Joe Biden para aumentar a produção de tecnologia verde que discriminou as empresas da UE.
Mas a controvérsia em torno da IRA poderá em breve ser ofuscada pelos projetos que Trump pretende levar a cabo no âmbito da sua agenda “America First”. O republicano ameaçou tomar o controlo da Gronelândia, a ilha semi-autónoma que faz parte do Reino da Dinamarca, recorrendo à coerção económica ou à força militar, se necessário.
“A integridade territorial da Dinamarca, a soberania da Dinamarca, a estabilidade das suas fronteiras, como podem imaginar, é obviamente uma questão essencial para nós”, disse Costa.
Trump também ameaçou impor tarifas generalizadas aos produtos estrangeiros, o que poderia levar o bloco a uma espiral de estagnação económica. Durante um discurso no Fórum Económico Mundial em Davos, Trump acusou a UE de ser “muito, muito má” para os EUA.
A Comissão Europeia alertou para o facto de as tarifas poderem ser respondidas com contra-tarifas.
Costa, cuja função é moderar as conversações entre os 27 líderes e garantir uma linha de ação comum, evitou falar em termos retaliatórios e, em vez disso, adotou uma nota conciliatória para apelar ao diálogo constante com a Casa Branca.
“Não vamos ser nós a colocar um problema que ainda não foi levantado. Se e quando o problema surgir, naturalmente que o abordaremos, tentaremos resolvê-lo ou reagiremos, faz parte do processo”, disse Costa durante a entrevista.
“Os Estados Unidos defenderão os seus interesses e a Europa defenderá os seus próprios interesses - isso faz parte das relações internacionais. Penso que não há necessidade de antecipar ou dramatizar os problemas. Devemos tratá-los como eles são: problemas que têm de ser resolvidos”.
Costa também falou sobre as despesas com a defesa, o apoio à Ucrânia, o futuro do alargamento e as relações com o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán.
Veja a entrevista completa em The Europe Conversation.