Papa Francisco, ainda doente, em reunião de trabalho no hospital para tratar de assuntos do Vaticano
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O Papa Francisco sentia-se suficientemente bem, esta terça-feira, para se reunir com o secretário de Estado do Vaticano e realizar trabalho considerado essencial, apesar de estar hospitalizado em estado crítico com uma pneumonia bilateral.
O Sumo Pontífice, de 88 anos, regista uma ligeira melhoria após 11 dias no hospital Gemelli, em Roma, embora os médicos tenham avisado que o prognóstico é reservado.
Apesar da doença que contrariu e de esta ser a mais longa estadia hospitalar no decurso do seu papado de quase 12 anos, o Papa Francisco continuou a trabalhar, enquanto a máquina do Vaticano continua a trabalhar a bom ritmo.
O boletim do Vaticano desta terça-feira, divulgado ao meio-dia, continha uma série de decisões significativas, sendo a mais importante o facto de o Papa Francisco se ter encontrado com o cardeal Pietro Parolin e o arcebispo Edgar Peña Parra. O primeiro é o secretário de Estado do Vaticano, enquanto o segundo é o "substituto" ou chefe de gabinete.
Durante a audiência, o Papa Francisco aprovou decretos relativos a dois novos santos e cinco pessoas para beatificação - o primeiro passo para uma possível santidade. O Papa decidiu também "convocar um consistório sobre futuras canonizações".
O padre Antonio Pelayo, sacerdote espanhol e especialista em temas do Vaticano, explicou à Euronews que o Vaticano pode continuar a funcionar porque o Pontífice pode contar com Parolin e Parra.
"No entanto, o secretário de Estado do Vaticano não pode nomear um bispo, criar uma nova diocese ou selar acordos internacionais", referiu Pelayo. "Para ser claro, um 'Papa substituto' não existe."
"É uma situação transitória, mas isso não significa que a Igreja fique sem liderança."
Pelayo destacou ainda que o Papa Francisco provavelmente permanecerá no hospital durante algum tempo, pois os médicos não estarão inclinados a dar-lhe alta "até terem certeza de que ele pode ter uma vida normal".
Se receber alta, resta saber se o Papa Francisco será capaz de desempenhar plenamente as suas funções. Em 2013, escreveu uma carta de demissão para ser usada no caso de a sua saúde o impedir de realizar as funções do papado.
"Foi assinada para o caso de o Papa ficar mentalmente incapacitado - mas não para o caso de incapacidade física", disse Piero Schiavazzi, professor de Geopolítica do Vaticano na Universidade Link, em Roma.
"Não creio que as suas limitações físicas, que já existem há algum tempo, o tenham afetado significativamente. Este tipo de carta é normalmente assinado quando o Papa já não está mentalmente apto, mas não é esse o caso", explicou à Euronews.
Milhares de pessoas têm-se reunido na Praça de São Pedro para rezar pelo Papa Francisco, expressando tristeza pelo seu sofrimento, esperança na sua recuperação e gratidão pelos seus esforços para conduzir a Igreja Católica em novas direções. A multidão sentou-se debaixo de chapéus-de-chuva, em cadeiras articuladas, ou permaneceu junto às vastas colunas, refletindo com carinho sobre o legado do pontífice.
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