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Sismos aumentaram em Espanha e Portugal? Especialistas alertam para risco de grande terramoto

• Mar 6, 2025, 7:08 PM
8 min de lecture
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Um tremor agita Lisboa. Semanas depois, outro agita Sevilha. Em menos de seis meses, a Península Ibérica registou vários eventos sísmicos que dispararam alarmes. Muitos residentes no sul de Espanha ficaram ansiosos após o terramoto na província de Sevilha, e a mesma inquietação se apoderou de Lisboa. Ambos os países estão prontos para um grande terramoto? Especialistas acreditam que esse cenário pode estar para breve.

Os terramotos nascem do choque e fricção das placas tectónicas que compõem a crosta terrestre. Na Península Ibérica, a tensão entre as placas eurasiática e africana acumula-se em falhas geológicas - fissuras frágeis que, quando estalam, libertam energia como ondas sísmicas.

"Quanto mais tempo passar desde que uma falha rompe, mais stress acumula e maiores são as possibilidades de um próximo terramoto", explica María Belén Oterino, professora de geologia da Universidade Politécnica de Madrid.

É como se uma contagem regressiva tivesse começado. Ninguém sabe exatamente quando o terremoto vai registar-se, mas as probabilidades aumentam a cada ano que passa. Em Espanha, há mais de 140 anos que não há um grande abalo. Na restante Europa, Itália, Turquia e Grécia são conhecidos como os pontos críticos sísmicos.

"Espanha e Portugal são os próximos no ranking", diz Oterino. Fernando Carrilho, do Instituto do Mar e da Atmosfera (IPMA) de Portugal concorda: "Vivemos em zonas de risco sísmico médio-inferior a esses países, mas superior à maior parte da Europa".

Em Espanha, o sul e o sudeste são as zonas propícias. Já em Portugal, Lisboa e o sudoeste sentem o pulso da terra mais fortemente.

As consequências de um terramoto afetam quase todos os aspetos da vida diária. Além de derrubar prédios, os sismos podem cortar estradas, derrubar pontes ou desencadear eventos ainda mais letais - especialmente se as centrais nucleares em áreas afetadas não forem desligadas a tempo.

A Península Ibérica não é imune a estas ameaças. Oterino adverte: "Somos afetados por uma zona a sudoeste do Cabo de S. Vicente, onde ocorreu o terramoto de 1755 em Lisboa. Se ela se romper novamente, poderá atingir uma magnitude de 8,5, impactando Huelva e Cádiz." Em Lisboa, o Atlântico nas proximidades também mantém a ameaça de tsunami muito real.

Quando será o próximo abalo?

Apesar dos esforços anteriores para prever terramotos, a ciência admite que não pode determinar o momento exato. "As previsões a curto prazo não são confiáveis", reconhece Oterino.

Quanto às teorias que ligam as alterações climáticas a mais atividade sísmica, é contundente: "É tudo especulação. Não há evidência, e não podemos dizer que há uma conexão. Mais: o número médio de terremotos não mudou".

Sem previsões precisas, o foco passa para a prevenção a longo prazo: avaliar o perigo de uma região e reduzir sua vulnerabilidade. Espanha tem desfrutado de 140 anos sem um grande susto.

"Nós não tivemos um terramoto verdadeiramente destrutivo no século XX", observa Oterino. Mas este silêncio cria uma falsa sensação de segurança. O tremor de Lorca em 2011, um modesto 5,2, ainda custou 9 vidas e causou 108 milhões de euros em danos devido à sua pouca profundidade.

Há poucos dias, Sevilha sentiu um tremor de 4,1. "Faz 140 anos que houve um terremoto de 6,5, como o da Andaluzia em 1884. Estamos em período de descontos", adverte Oterino.

As falhas no sul e na Catalunha poderiam atingir magnitude 7, acumulando energia quase 900 vezes maior que a de Lorca. Portugal não está muito atrás. Dois terramotos recentes em Lisboa puseram a cidade no limite.

Carrilho não descarta uma "crise sísmica" no futuro, embora não na escala da Grécia, uma vez que aí está em causa uma tipologia vulcânia e não tectónica.

A memória do terramoto de 1755, que devastou Lisboa e o sul da Espanha com um enorme tsunami, permanece viva. Ambas as nações têm códigos de construção resistentes a sismos, como o NCSE-02 em vigor em Espanha desde 2002, por exemplo.

"Os nossos regulamentos contam com as atualizações esperadas, especialmente em Granada, Alicante, Torrevieja e no sul", diz Oterino. Mas acrescenta uma ressalva: "Já se passaram 22 anos sem uma atualização, poderia estar melhor. Faltam planos municipais na Andaluzia, Valência, Múrcia, Catalunha e nos Pirenéus".

Em Portugal, há um regulamento de construção antissísmica desde os anos 60 que foi sofrendo atualizações até aos dias de hoje. No entanto, a maioria dos edifícios em Lisboa antecede os códigos modernos, sendo a sua resiliência um ponto de interrogação.

Talvez seja por isso que Lisboa está a dar o passo seguinte. O presidente da Câmara Municipal Carlos Moedas explica: "Temos duas torres de alerta de tsunami no Terreiro do Paço e na Praça do Império, com alertas instantâneos e 86 pontos de encontro da cidade." É um plano renovado destinado a salvar vidas se o mar inundar a zona ribeirinha da capital.

O que fazer quando a terra treme?

Não podemos prever, mas podemos agir. Do serviço de emergência 112 da Andaluzia, Lola Rodríguez dá um conselho vital: "Fique onde está. Se estiver dentro de casa, encontre um local resistente como uma moldura de porta ou debaixo de uma mesa. Agache-se, segure-se e cubra a cabeça." Não correr ou fugir pelas escadas, o método "agachar, cobrir e segurar" é a melhor aposta enquanto a agitação dura.

A Península Ibérica não é o Japão, mas o risco é real. "Temos falhas capazes de magnitudes 6,5 ou 7. Existe a preocupação de que elas possam romper a qualquer momento", enfatiza Oterino. A prevenção não é apenas para os cientistas ou governos, mas sim para todos nós. Edifícios mais fortes, planos atualizados e saber como reagir pode transformar um potencial desastre em apenas um susto. A terra irá tremer novamente, se é uma tragédia apenas depende de nós.


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